Desconcentrações na primeira parte impediram melhor resultado na estreia no Mundial de Clubes. Águias demoraram muito a mandar no jogo e tiveram dificuldade em encontrar caminhos para o golo.
MIAMI — A equipa do Benfica entrou finalmente em campo no Mundial de Clubes frente ao Boca e teve de enfrentar vários desafios que se adivinhavam. O primeiro foi calor intenso e humidade que causam constrangimento, sobretudo a uma equipa que não está habituada a este clima tropical e trabalha há poucos dias com o plantel completo, depois de se juntarem os jogadores internacionais. O segundo foi conseguir encontrar forma de não se sentir condicionada pelo apoio fantástico dos adeptos do Boca. O estádio foi dos argentinos. Viam-se algumas zonas nas bancadas com adeptos benfiquistas, mas não tiveram forma de fazerem-se ouvir a não ser no momento dos golos dos encarnados. A fama dos hinchas do Boca é grande e merecida.
Mas o Benfica entrou melhor no jogo, com futebol pausado, procurando tirar proveito dos desequilíbrios do Boca, que entrou com maior intensidade que as águias, mas a ser menos equipa. Em consequência desse melhor posicionamento, o Benfica rondou com mais perigo a baliza de Marchesín. Logo aos 6' Renato Sanches rematou com perigo e aos 18' Bruma acertou no poste esquerdo. O jogo parecia encaminhado e os comandados por Bruno Lage com a estratégia estudada e bem aplicada. O que certamente não estava nos planos foi o golo de Miguel Merentiel, aos 21'. Lautaro Blanco fez um túnel a Florentino, no flanco esquerdo do ataque, e cruzou para a área, entre Trubin e Otamendi, zona onde se antecipou Merentiel.
O golo do Boca desconcentrou a equipa do Benfica e abriu espaço para os argentinos crescerem. O segundo golo, apenas 6 minutos depois, marcado de cabeça por Battaglia, novamente ajudado por passividade dos defesas, tornou tudo pior. Se as bancadas eram dos argentinos, no relvado eles também ganharam ascendente. Pavlidis gozava de pouco espaço, Di María ia sendo alvo de marcações sem piedade, estava difícil para a equipa acompanhar o ritmo do Boca. Mas as águias reagiram, nem sempre bem, mas reagiram, e um penálti cometido sobre Otamendi e convertido por Di María, já em período de compensação, devolveu a esperança ao Benfica. A primeira parte fechou com muitas emoções fortes, duelos intensos e os argentinos sempre a procurar desestabilizar emocionalmente os jogadores do Benfica, sobretudo Di María e Otamendi, além de Renato Sanches, que não resistiu e ainda se envolveu em picardias.
Bruno Lage sentiu que era preciso mexer, dar companhia a Pavlidis, e lançou Belotti para a segunda parte. Para entrar o ponta de lança italiano, saiu Dahl e Aursnes voltou a ser lateral-direito. Com Belotti, as águias ganharam presença na área e maior capacidade de pressão na saída de bola do adversário, que reagiu com a agressividade que colocou sempre no jogo, mas teve de recuar metros. A equipa estava por cima no jogo e Lage refrescou-a com Kokçu e Akturkoglu. As mudanças trouxeram energia diferente, mas faltavam lances de golo iminente. A expulsão de Belotti complicou mais a tarefa.
Quando o jogo estava algo pachorrento, entre o Boca a resistir e o Benfica a tentar sem conseguir, eo capitão Otamendi subiu e de cabeça, após pontapé de canto, empatou o jogo. Ele, adepto do River Plate, capitão do Benfica, evitou a vitória do Boca Juniors. Uma pequena ironia que permite ao Benfica continuar a acreditar na qualificação para os oitavos de final.
DESTAQUES DO BENFICA.
O MELHOR DO BENFICA
ÁLVARO CARRERAS (7) — A mais do que provável saída de Carreras neste mercado será não a perda de um lateral, mas de uma das peças mais influentes de toda a equipa. Cada vez mais consistente a defender, o espanhol é daqueles que mais facilmente 'liga' com os colegas, descobrindo linhas de passe como se fosse um criativo e um dos bons. Muito bem em todo o encontro, talvez ligeiramente melhor na primeira parte, em que conseguiu ser mais 'construtor' do que o responsável pelo cruzamento, de tantas vezes que foi chamado ao último terço, nos segundos 45 minutos, para fazê-los. Tentou assistir Renato Sanches para o 1-0, logo aos 5 minutos, com o médio a acertar mal na bola, e foi o mais esclarecido de toda a equipa durante os 90 minutos. Não há no plantel encarnado jogador mais determinante.
TRUBIN (6) — Nada poderia fazer perante o desvio de Merentiel para o 1-0, precisamente na primeira vez que os argentinos pisaram a sua área. Menos ainda no segundo remate certeiro xeneize, de cabeça, por Battaglia. Teve ainda uma saída certeira a um cruzamento e nada mais.
DAHL (4) — Lateral de pé trocado, não conseguiu contribuir para a profundidade sobre a direita e foi depois exposto nos dois golos argentinos, em duelos aéreos. Lage ganhou pouco com a aposta, ao contrário do que tinha acontecido com o sueco como médio interior em certos momentos da época passada. Saiu ao intervalo.
ANTÓNIO SILVA (6) — Corte importante aos 27 minutos, quando os encarnados pareciam afundar-se. Tentou jogar na antecipação, ganhando alguns lances e perdendo outros, e também ligar com o ataque através do passe, nem sempre da melhor forma. Ainda assim, evitou os erros graves.
OTAMENDI (7) — As responsabilidades do primeiro golo serão certamente divididas também por Dahl e Florentino, mas é o capitão quem se distrai no momento de ser o bombeiro de serviço, permitindo que Merentiel se antecipasse e finalizasse. Impositivo, quis igualar a energia colocada em campo pelos compatriotas, e acabou por conquistar o penálti que alavancou a recuperação das águias, confirmada por si próprio, de cabeça, já com a equipa reduzida a dez. Intermitente, mas em crescendo.
AURSNES (4) — Defensivamente, deixou-se bater nas costas por Battaglia, no 2-0. Depois, não lhe foi fácil segurar a bola, com o ataque em matilha ao portador levado a cabo pelos argentinos. Tentou alguns movimentos nos meios-espaços, entre central e lateral, todavia não conseguiu criar problemas. Não fazendo uma exibição fulgurante, tentou ser um facilitador. Na segunda parte, passou a ser o lateral direito. Já devia ter saudades. Contudo, não acertou tecnicamente no cruzamento quando poderia ter sido muito importante.
FLORENTINO (4) — Muito ativo nos primeiros 5, 10 minutos, quando a pressão alta incomodou e muito a saída do Boca de perto de Marchesín, mas demasiado macio na abordagem a Lautaro Blanco no primeiro golo. Sentiu o momento e teve muitos problemas para se recompor, sobretudo, porque as águias não voltaram a acertar na pressão de uma forma coletiva. Ainda assim, tirou o vermelho a Figal nos instantes finais.
RENATO SANCHES (6) — Falta-lhe a explosão de 2016, que o teria protegido de alguns duelos físicos, porém cresceu desde então na qualidade de passe, que colocou em campo em vários momentos, com ou outro erro na tentativa de verticalizar o jogo. Aos 5 minutos, acertou mal na bola na primeira jogada perigosa do encontro, que poderia ter valido o 1-0. A melhor notícia terá sido, no entanto, ter feito os minutos que lhe pediram, sem lesões. Saiu os 61 minutos para entrar Kokçu.
DI MARÍA (6) — Muito vigiado. Também muitas vezes no chão, mais do que as em que realmente sofreu falta, e algumas bolas perdidas. Lançou Bruma no remate ao poste em que ficaram dúvidas se haveria mesmo fora de jogo, foi todo ele classe no penálti e apresentou-se para ser o farol do costume. Baixou no 2.º tempo.
PAVLIDIS (5) — Estava tão confiante que, na primeira vez em que a bola lhe chegou, tentou fintar três. Dispôs de uma grande oportunidade, aos 31 minutos, em que mais uma vez o árbitro assinalou fora de jogo no limite (estaria mesmo?), mas Marchesín saiu rápido e fez a mancha. Não teve mais chances para atirar à baliza.
BRUMA (4) — Acertou no poste aos 19 minutos, depois de tirar Advincula da frente, em jogada anulada por alegado offside. Foi-se esgotando e acabou por sair, aos 61, para dar lugar a Akturkoglu. Continua pouco ligado ao processo da equipa, apesar de nem ter começado mal a partida.
BELOTTI (1) — Entrada muito dura sobre Ayrton Costa, ao levar os pitons à nuca do central, ainda que com a bola por perto, resultou na sua expulsão, sancionada pelo VAR. Até aí nada acrescentou de relevante ao encontro. Pior o Benfica com dois avançados do que com um. Muito pior.
KOKÇU (6) — Belo pontapé de canto a dar o empate a Otamendi.
AKTURKOGLU (4) — Não conseguiu desequilibrar.
PRESTIANNI (5) — Nunca entra mal nas partidas. Há muito a justificar mais minutos e outros contextos.
BARREIRO (-) — Pouco tempo em campo.

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