Encarnados apostaram em novos perfis no meio-campo e diferença foi notória, mas a segunda parte voltou a trazer os fantasmas do final de época. Que agradável surpresa foi João Veloso!
Afortíssima aposta do Benfica no meio-campo, com um investimento superior a 40 milhões de euros em Enzo Barrenechea e Richard Ríos, já teve, ontem, na primeira parte da Eusébio Cup frente ao Fenerbahçe, resultados visíveis e a dupla argentino-brasileira parece ser como o algodão: não engana. Bruno Lage, Rui Costa e a demais estrutura do futebol analisaram o que de muito mal correu em 2024/25 e terão percebido que havia muito por melhorar nesse plantel, sobretudo no meio-campo, a casa das máquinas por onde se constrói grande parte da supremacia das grandes equipas em relação às demais (ver o sensacional miolo do PSG, por exemplo, com Vitinha, João Neves e Fabián Ruiz).
Com Florentino e Kokçu, o Benfica não conseguia ser dominador de forma constante no meio-campo adversário: o primeiro, transferível até final do mercado, é útil no momento defensivo mas curto para o resto e o turco, em guerra aberta com Bruno Lage, já não cabia no plantel, apesar de reconhecida qualidade com bola. As ideias não parecem ser muito diferentes do passado, mas o perfil completamente diferente dos jogadores aproxima mais o Benfica daquilo que Bruno Lage quer.
Com Enzo e Ríos, a águia ganha, por exemplo, uma capacidade completamente diferente na primeira fase de construção. O argentino, ainda longe da forma física ideal, faz lembrar Weigl no critério na posse e o colombiano é uma autêntica vassoura naquela zona, mostrando, sem surpresa, andamento bastante diferente em relação aos demais, nada de estranhar tendo em conta que chega com meia época de Palmeiras nas pernas. Por aqui, Bruno Lage pode estar descansado, mas houve mais boas notícias. O menino João Veloso surgiu no onze e que boa conta do recado deu, mostrando excelente capacidade para fazer a ligação ao ataque e ser opção a ter em conta.
A segunda parte trouxe várias segundas linhas e a dinâmica do Benfica quebrou, também explicada pela melhoria evidente do Fenerbahçe, depois de Mourinho não ter, certamente, ficado agradado com o que viu até ao intervalo. Percebeu-se aí que a transição defensiva continua a ser um problema para os encarnados, que foram algumas vezes apanhados em contrapé. A Supertaça e o acesso à Champions serão teste bastante mais aferidor sobre a capacidade deste novo Benfica e também decisivos para um treinador que, como Roger Schmidt há um ano, arranca a época já fragilizado do passado.
Francisco Vz de Miranda, in a Bola

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