segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O PODER ESCONDIDO QUE TOMOU CONTA DO FUTEBOL PORTUGUÊS



 O PODER ESCONDIDO QUE TOMOU CONTA DO FUTEBOL PORTUGUÊS

(São muitos anos disto)
Durante anos, disseram que o “Apito Dourado” foi o fim da corrupção no futebol português.
Não foi.
O sistema não desapareceu, apenas mudou de pele, de rosto e de método.
Hoje está mais bem montado do que nunca: silencioso, protegido, infiltrado.
Este é um retrato completo de como tudo se terá mantido, com nomes, cargos, datas, escutas divulgadas e favores relatados publicamente.
1. O INÍCIO: PEDRO PROENÇA NAS ESCUTAS DO APITO DOURADO
Em 2003, no processo “Apito Dourado”, escutas tornadas públicas na imprensa mostraram Pinto da Costa e Pinto de Sousa a combinarem alegadamente a nomeação de Pedro Proença para arbitrar a Supertaça.
Transcrição citada:
Pinto de Sousa: “É o que a gente combinou… o Proença!”
Pinto da Costa: “Boa! Então vamos a isso.”
Pedro Proença arbitrou o jogo. O FC Porto venceu por 1-0, num jogo com decisões polémicas e uma expulsão contra o adversário. Pinto de Sousa terá sugerido que Pinto da Costa criticasse publicamente a nomeação para disfarçar a articulação.
Este episódio consta de autos judiciais e gravações obtidas no âmbito do processo judicial.
2. A MONTAGEM DE UMA CARREIRA NO SISTEMA
Pedro Proença foi referenciado no contexto de investigações por corrupção passiva, associadas a alegadas manipulações de classificações de árbitros e favorecimentos.
Arbitrou jogos marcadamente polémicos, como o Benfica–Porto de 2011/12, onde validou um golo em fora de jogo que foi decisivo para o título.
Mais tarde, reconheceu publicamente:
“Foi um erro que provavelmente decidiu o campeonato.”
3. A TRANSIÇÃO PARA O PODER FEDERATIVO
Em 2015, Pedro Proença passou da arbitragem diretamente para a presidência da Liga Portugal, com apoio institucional de dirigentes do Sporting e FC Porto.
Durante esse período:
• Terá consolidado relações com Antero Henrique (ex-FC Porto), Joaquim Oliveira (Olivedesportos) e Theodoro Fonseca (Portimonense);
• Participou, segundo notícias e relatos públicos, em jantares e reuniões privadas onde se discutiam investimentos em clubes, controlo de SADs e decisões de bastidores;
• Estabeleceu o que foi descrito como um círculo de influência fechado, sem transparência externa ou escrutínio independente.
4. ANTERO HENRIQUE: O ESTRATEGA INVISÍVEL
Antero Henrique, ex-diretor do FC Porto, é apontado como operador influente nos bastidores do futebol português, mesmo sem cargo formal.
• É familiar direto de Rúben Amorim, treinador do Sporting;
• Atuou como intermediário na transferência de Amorim, através da empresa DHZ Consulting, que terá recebido 500.000 euros;
• Está ligado a dezenas de transferências entre FC Porto e Portimonense, com percentagens descritas por jornalistas como pouco claras;
• Foi mencionado por Pinto da Costa como interveniente relevante na candidatura de André Villas-Boas ao FC Porto;
• Participou, segundo fontes noticiosas, em encontros com Pedro Proença e dirigentes federativos.
Embora não tenha presença pública constante, é referenciado por vários meios como articulador de redes de influência entre clubes, empresários e estruturas desportivas.
5. OS DESCONTROLOS NA LIGA PORTUGAL
Durante a presidência de Pedro Proença:
• A construção da Arena Liga Portugal registou uma derrapagem superior a 9 milhões de euros;
• A explicação oficial invocou o aumento de área do projeto e o impacto da pandemia;
• Proença saiu da Liga com uma indemnização de 346 mil euros por férias não gozadas;
• A Liga ficou financeiramente fragilizada, e Proença avançou para a liderança da FPF.
6. A ELEIÇÃO PARA A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL
Em 2025, Pedro Proença foi eleito presidente da FPF com 75% dos votos.
• Luís Filipe Vieira declarou publicamente que Proença lhe terá feito propostas para afastar Nuno Lobo da corrida, envolvendo um cargo, viatura e salário de 15.000 euros;
• A campanha foi apoiada por associações distritais já alinhadas com os três grandes clubes;
• A oposição refere que enfrentou pressões e promessas de integração institucional em troca de desistência.
7. A FPF ENTREGUE AO SPORTING
A nova estrutura federativa passou a integrar, segundo vários relatos, um número elevado de elementos ligados ao Sporting Clube de Portugal:
• José Carlos Oliveira – ex-diretor jurídico do Sporting; atual diretor jurídico da FPF;
• Rui Caeiro – ex-dirigente da SAD do Sporting; atual vice-presidente da FPF para a arbitragem;
• João Caires – advogado associado ao Sporting; atual vice-presidente do Conselho de Disciplina;
• Sandra Oliveira e Silva – presidente do Conselho de Disciplina, eleita com apoio de estruturas sportinguistas; casada com o presidente do Conselho de Justiça;
• Luís Verde de Sousa – nome indicado pelo Sporting; atual presidente do Conselho de Justiça;
• Daniel Carriço – antigo capitão do Sporting; hoje integrante da Direção da FPF.
Estes nomes ocupam cargos que influenciam decisões em áreas como arbitragem, disciplina, justiça federativa e pareceres jurídicos.
8. O MECANISMO DE CONTROLO
(Conforme alegações públicas e padrões identificados por observadores)
1. Eleições internas influenciadas por promessas de cargos e apoios;
2. Nomeações estratégicas nas estruturas da FPF e Liga;
3. Afastamento de opositores através de pressões, descredibilização ou aliciamento;
4. Apoio institucional visível a clubes considerados alinhados;
5. Relações entre dirigentes, empresários e fundos externos com interesses cruzados.
9. FONTES DOCUMENTAIS
Toda a informação apresentada tem base em:
• Escutas do processo Apito Dourado tornadas públicas;
• Relatórios orçamentais da Liga Portugal;
• Documentos contratuais relacionados com negócios como o de Rúben Amorim (divulgados por órgãos de imprensa);
• Declarações públicas de Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa e outros dirigentes;
• Nomeações publicadas oficialmente pela FPF;
• Artigos de investigação de órgãos como Record, Expresso, Público, Sábado, SIC e Renascença.
10. CONCLUSÃO
O futebol português é hoje visto por muitos como dominado por um sistema bem estruturado:
• Pedro Proença enquanto rosto institucional;
• Antero Henrique como operador discreto e influente;
• O Sporting como clube beneficiado em termos de nomeações e acesso à estrutura federativa.
Este sistema parece alicerçado em nomeações estratégicas, redes pessoais e dinâmicas de bastidores que merecem atenção, escrutínio e debate público.
EPÍLOGO PESSOAL
Entre os que sentiram os efeitos deste sistema, estou também eu.
Fui, como outros, publicamente exposto, pressionado, desacreditado.
Fui atacado em várias frentes, pessoais, profissionais, institucionais.
Mas continuo aqui. E continuo a acreditar que a verdade, mesmo quando tarda, acaba por prevalecer.
Quando chegar, não será seletiva.
Irá até ao fim.
E revelará tudo.
Todos.
Sem exceção.

César Boaventura, in Facebook

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