domingo, 2 de novembro de 2025

"MOU" DEIXOU-SE DE DEDOS E METEU MESMO A MÃO TODA...



Depois de primeira parte fraca, que condicionou também a equipa nos amarelos, Benfica resolveu o jogo com entrada muito forte no segundo tempo. Aí, o V. Guimarães capitulou em definitivo com a expulsão de Blanco.
O Vitória começou por tornar o encontro muito desconfortável para o Benfica. Estivesse com o bloco médio-alto ou o fosse baixando com o passar dos minutos, a agressividade mantinha-se elevada, vendendo caro às águias o tempo para pensar. Problema detetado há muito, essa fraca resistência a uma pressão mais incisiva só a espaços era compensada pela destreza de Tomás Araújo — António Silva ficou no banco — no passe vertical, num drible de Lukebakio ou no transporte de Ríos.
Sem ser capaz de estabelecer um domínio absoluto da partida, o Benfica atacou sobretudo pelo lado esquerdo, onde a irreverência de Prestianni contou com o apoio de Sudakov e de Dahl, hoje a oferecer (bem) maior profundidade do que o habitual. Na direita, onde o relvado também parecia mais irregular, Lukebakio foi pouco alimentado, apoiando mais até uma ou outra subida de Aursnes para o cruzamento do que tentando o 1x1. Entretanto, Pavlidis tentava colaborar, mas havia pouca chegada nos visitantes. Destaque apenas para um remate bloqueado na área a Prestianni (10') após cruzamento de Aursnes, uns quantos tiros de longe do argentino e uma única jogada ligada, em que participaram Ríos, Prestianni, Dahl e Sudakov, com o ucraniano a não conseguir acertar na baliza (34').
Sem conseguir atacar e estancar as saídas rivais, através da contrapressão, as águias protegeram-se com Ríos a fechar à direita sempre que Aursnes era obrigado a pisar terrenos mais centrais, replicando o que o norueguês faz com Dedic quando o bósnio está disponível. Controlando a largura, os minhotos ficavam limitados a remates de longe, de Arcanjo, Blanco e Samu, ora encaixados facilmente por Trubin ora longe da baliza.






Nos últimos minutos da primeira parte, os homens de Mourinho viram-se sobrecarregados de amarelos. Primeiro Pavlidis, depois Sudakov e Prestianni, com o ucraniano a arriscar a expulsão. Os dois últimos ficaram no balneário, com Barreiro a entrar para a posição 10 e Schjelderup para a esquerda.
QUARTO DE HORA IMPLACÁVEL
Mourinho fôra para os vestiários antes do apito para o intervalo para preparar as substituições e o discurso, e regressou de lá um Benfica muito mais dinâmico. O centro de gravidade dos ataques mudou para a direita e para Lukebakio, que em quatro jogadas consecutivas inclinou em definitivo a partida para a vitória dos visitantes. Aos 48', cruzou para um cabeceamento de Barreiro defendido por Castillo (Pavlidis falhou a recarga), aos 50' assistiu Ríos, mas o colombiano desperdiçou, aos 53', de livre, obrigou o guarda-redes a voar para a defesa e, finalmente, aos 54', num canto, colocou a bola na cabeça de Tomás Araújo para o primeiro golo.
Já dominado por um Benfica mais pressionante, o V. Guimarães capitulou logo depois. Dois minutos depois do 1-0, Blanco viu o vermelho direto por entrada dura sobre Barreiro. Aos 62', Luís Pinto ainda tentou reestruturar a equipa com três substituições, mas sofreu o 2-0 logo depois. Lukebakio respeitou a sobreposição de Aursnes, o norueguês cruzou para Barreiro, que falhou. Dahl puxou a culatra atrás e fuzilou Castillo, confirmando um primeiro jogo bem conseguido, crescendo na segunda parte, com a presença de Schjelderup.
Aos 87'. Schjelderup apelou ao remate de Enzo e Rego surgiu para a recarga. 3-0. Triunfo encarnado justo, construído na segunda parte, em que foi superior contra 11 e... 10.
Luís Mateus, in a Bola
NOTAS DOS JOGADORES DO BENFICA:
Lukebakio foi rei em Guimarães com cruzamentos brilhantes. Tomás Araújo e Dahl marcaram golaços. Barrenechea teve dois remates muito perigosos e Schjelderup e Leandro Barreiro revolucionaram após o intervalo
(7) Lukebakio (melhor em campo)




Chegou mais tarde e já é o quarto mais rematador do Benfica, depois de Pavlidis, Ríos e Ivanovic. E frente ao Vitória, não tendo rematado muitas vezes, excluindo um livre direto para defesa de Castillo, criou muitas oportunidades de golo para os companheiros (Barreiro, Ríos e Tomás Araújo), na sequência de cruzamentos perfeitos com o pé esquerdo. Está ainda na jogada do segundo golo, abrindo em profundidade para Aursnes fazer cruzamento rasteiro para o remate fatal de Dahl. A bola chegava-lhe e ele, sempre de pé esquerdo, cruzava com perfeição. Se Lucky Luke disparava mais rápido que a própria sombra, Dodi Lukebakio cruzou mais rápido que a própria sombra...
(5) Trubin – O grande objetivo do ucraniano era impedir que o Vitória, a par de Benfica, Sporting e Moreirense, continuasse a ser uma das equipas que tinham marcado em todos os jogos em casa na Liga. E conseguiu, pois os vitorianos nunca andaram perto do golo, sobretudo quando passaram a jogar com apenas dez. As maiores dificuldades de Trubin, em dois lances, foram criadas pelos seus pés.
(6) Aursnes - Antigamente seria o 115 do Benfica, agora é o 112: joga em todo o lado, embora nem sempre com o mesmo rigor. Teve muito rigor em diversos cruzamentos e, sobretudo, no cruzamento rasteiro que terminaria no grande golo de Dahl. Muito competente e, aqui e ali, com dois ou três lances muito perigosos.
(7) Tomás Araújo - Quarta titularidade nos últimos cinco jogos e terceira no eixo da defesa. Começou por dar nas vistas, logo a abrir o jogo, evitando que a recarga de Camara, embora em fora de jogo, acabasse em golo. Fulgurante desvio de cabeça, logo à entrada da segunda parte, após pontapé de canto de Lukebakio, na direita, abrindo o marcador no D. Afonso Henriques. Sem erros defensivos, também por força da ineficácia do Vitória em criar perigo, muito forte nos lances atacantes.
José Mourinho no banco - Foto: Kapta+/Rogério Ferreira
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(7) Otamendi – A três meses de completar 38 anos, continua em grande. Festejou 250 jogos de águia ao peito e, mesmo tendo passado pelo FC Porto entre 2010 e 2013, tornou-se no exemplo acabado da mística benfiquista. E é o único totalista do Benfica na Liga: dez jogos, 900 minutos. Mas vai deixar de ser, pois sofreu o desejado quinto cartão amarelo. A competência do costume a defender e ainda perigoso em lances ofensivos, quer a atacar a área, quer em alguns lançamentos perigosos para as entradas dos laterais.
(7) Dahl - É quem mais recebe passes em profundidade no Benfica e este dado voltou a confirmar-se em Guimarães, tantas foram as vezes em que surgiu lançado pela esquerda. Muito boa abertura para o remate de Sudakov às malhas laterais e, a abrir a segunda parte, aproveitando a onda encarnada, recebeu passe de 35 metros de Aursnes, da direita, fuzilando a baliza de Castillo. Golaço do sueco; o seu primeiro de águia ao peito.




(7) Barrenechea - Titularíssimo (só não jogou frente ao Gil Vicente da jornada 7) e quase totalista em 2025/2026 (85 minutos, em média, em cada um dos 19 jogos que leva de águia ao peito. Era o rei dos cartões amarelos no Benfica: cinco. Agora tem Otamendi a seu lado. Brilhante remate em arco, junto à barra, obrigando Castillo a desvio pela linha de fundo. Quase a terminar o jogo, remate forte para defesa do guarda-redes vitoriano, aparecendo João Rego a fazer o 3-0. Talvez a melhor exibição pelo Benfica.
Luís Pinto, treinador do V. Guimarães - Foto: Rogério Ferreira/Kapta+
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(6) Ríos - Moral em alta depois da bela jogada frente ao Tondela em que ofereceu o golo a Lukebakio. Teve a devida prenda/recompensa do belga quando, aos 50’, este lhe colocou a bola na cabeça, para desvio pela linha de fundo, com relativo perigo.
(4) Sudakov - Leva quatro meses de competição e 25 jogos nas pernas, entre Benfica, Shakhtar Donetsk e Seleção da Ucrânia. E notou-se, como se tem notado em quase todos os jogos em que representou os encarnados. Demasiado lento e pouco dinâmico, apesar da técnica soberba, para manter-se titular numa equipa de Mourinho. Rematou às malhas laterais, após passe de Dahl, aos 35’. Teve sorte em não ter visto cartão vermelho, já na compensação do primeiro tempo, após entrada duríssima sobre Samu.
(5) Prestianni – Desde o início da época que não tinha, como agora teve, duas titularidades seguidas na Liga. Muito bem na primeira (Arouca), menos bem na segunda (V. Guimarães). Tentou dois ou três rasgos pela esquerda, mais dois remates sem grande perigo e foi tudo. Saiu para entrar Schjelderup, já depois de ter sido amarelado e de ter mostrado dificuldades no jogo muito físico do Vitória.
(5) Pavlidis – Seis golos nos anteriores quatro jogos dava para entrar no D. Afonso Henriques de cabeça bem levantada. Não teve muitas bolas de golo e a única que teve, se a considerarmos de golo, pois estava quase na linha de fundo, foi emendada sem chegar à baliza, aos 48’.
(7) Schjelderup – Entrou ao intervalo e ajudou a revolucionar o jogo ofensivo do Benfica. Muito fresco, quis sempre ir para cima do adversário direto e criou muitos lances de perigo. O ponto mais alto foi o passe para Barrenechea, para a zona central, junto à área vitoriana, com o argentino a rematar para a defesa apertada de Castillo, jogada que terminaria com o golo de João Rego.
(7) Leandro Barreiro – Entrou ao intervalo para o lugar de Sudakov e deu uma chapada no jogo lento e previsível do Benfica. Jogando alguns metros à frente do que jogara o ucraniano, criou muito perigo numa finalização de cabeça, após cruzamento de Lukebakio, que saiu à figura do guarda-redes vitoriano. Além disso, funcionou como um pequeno dínamo no jogo ofensivo do Benfica, algo que o 10 dos encarnados não conseguiu ser.
(6) João Rego - Cinco minutos em campo e apareceu na cara de Castillo para aproveitar e recargar para o 2-0, na sequência incompleta do guarda-redes do Vitória.
(-) Henrique Araújo – Entrou aos 90’ e não teve, obviamente, qualquer influência no jogo.
(-) João Veloso – Idêntico a Henrique Araújo. Entrou aos 90’ e sem hipótese de dar nas vistas.
Rogério Azevedo, in a Bola

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