domingo, 30 de novembro de 2025

REMONTADA ÉPICA



O Benfica acreditou até ao fim, lutou, trabalhou, e venceu o Nacional, por 1-2, em jogo da 12.ª jornada da Liga Betclic.
Num duelo de emoções à flor da relva, e da pele, foi preciso esperar até bem perto do apito final para se festejar no Estádio da Madeira. Em desvantagem desde o minuto 60, Prestianni (89') e Pavlidis (90'+5') assinaram os golos da reviravolta de um Benfica dominador e intenso (1-2). Triunfo difícil, mas justo, sobre o Nacional, no encontro da 12.ª jornada da Liga Betclic.
Mais um ciclo intenso a viver-se, com o Benfica, após as vitórias para a Taça de Portugal e para a Champions League, a deslocar-se à Pérola do Atlântico para enfrentar o Nacional, isto na antecâmara de mais uma decisiva ronda europeia (Nápoles) e do dérbi lisboeta, na Catedral.
José Mourinho tinha perspetivado um desafio complicado, é sempre assim na Madeira, desta vez as condições climatéricas não interferiram, mas houve de tudo um pouco e foi preciso sofrer até ao apito final.
Com Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Dahl, Barrenechea, Aursnes, Rodrigo Rêgo, Barreiro, Sudakov e Pavlidis no onze inicial, foi um Benfica sólido, organizado, a dominar e a produzir aquele que se apresentou a jogo!




Entrada incisiva das águias, com Barreiro, aos 6' e aos 10', a dar o mote. Primeiro, após toque de Pavlidis, a rematar para defesa de Kaique; depois, à entrada da área, a rematar em arco para um voo do guardião insular a dizer "não".
Sudakov, aos 14', disparou por cima; Dedic, aos 18', rematou ao lado... e as oportunidades sucediam-se! Do outro lado, um Nacional encostado às cordas, com muitas dificuldades em sair, perante um Benfica mandão.
Aos 26', foi a vez de Aursnes tentar a sorte, Pavlidis ainda tentou desviar o esférico para o fundo das redes, mas chegou tarde. Três minutos volvidos, grande cabeceamento do internacional grego, contudo, Kaique, atento, afastou. Só dava Benfica na Choupana...
Minuto 33, mais um ataque dos encarnados, Sudakov acreditou, rematou forte de fora da área, mas, mais uma vez, Kaique negou os intentos.
Antes do apito para o intervalo, gritou-se golo, contudo, o lance foi prontamente invalidado. Erro na defesa insular, grande confusão na área, a bola sobrou para Pavlidis, que introduziu o esférico na baliza, mas foi assinalada posição irregular ao camisola 14 das águias.




Contas feitas, tempo de recolher ao intervalo com o teimoso nulo a manter-se, após uma 1.ª parte de grande qualidade do Benfica, a pecar na eficácia. Injusto, muito injusto!
Reatar e, tudo na mesma na Choupana! Família Benfiquista em apoio à equipa, muito Benfica em campo e, aos 49', lance polémico, com Barreiro, sem bola, a ser empurrado na grande área. Penálti que ficou por assinalar, como, aliás, vincou o míster José Mourinho na conferência de imprensa pós-jogo.
E, finalmente, Trubin foi chamado ao serviço! Minuto 53, e Jesús Ramírez, à entrada da área, disparou colocado, para enorme voo do guardião encarnado a negar o golo. Do outro lado, mais uma grande oportunidade. Dahl trabalhou, cruzou rasteiro para Barreiro, contudo, em posição privilegiada na área, o remate não saiu.
José Mourinho mexeu no xadrez, Prestianni entrou, aos 58', para o lugar de Rodrigo Rêgo, e sem que nada o previsse, contra a corrente do jogo, o Nacional chegou à vantagem. Com precisamente uma hora de jogo, Alan Nuñez recuperou a bola à direita do ataque, colocou-a em Paulinho Bóia, na área, e este serviu Jesús Ramírez ao segundo poste, o qual finalizou para o 1-0. Injusto e ingrato!
Em desvantagem, o Benfica não esmoreceu, bem pelo contrário, e carregou, carregou, carregou... incansavelmente!
Aos 63', grande remate de Pavlidis, para grande defesa de Kaique; no mesmo minuto, Aursnes tentou a sorte, mas o remate saiu ligeiramente ao lado; aos 69' (já com Ivanovic em campo – entrou, aos 64', para o lugar de Barrenechea), novamente Aursnes a rematar colocado, mas o esférico saiu ao lado; aos 76', cabeceamento espetacular de António Silva, a rasar a trave... e a redondinha teimava em não entrar!




Minuto 76 e a última mexida no figurino encarnado, com Schjelderup a saltar do banco para o lugar de Barreiro... e os frutos do muito trabalho produzido estavam prestes a chegar.
Na direita, Dedic ofereceu a Prestianni, o internacional argentino encarou a baliza, galgou vários metros, acreditou e, já na área, de ângulo muito apertado, disparou de forma indefensável para o fundo das redes. A festa foi rápida, tudo empatado aos 89', isto porque ainda havia trabalho a fazer... e assim foi!
Já em tempo de compensação, Schjelderup e Otamendi trabalharam na esquerda, juventude e maturidade em sinergia, a bola chegou a Pavlidis, que, de primeira, à ponta de lança, levou a bola a beijar o fundo das malhas... estava concretizada a reviravolta, 1-2, e agora, sim, a loucura nas bancadas e a festa encarnada fez-se sentir. E de que maneira!
Num jogo emocionante, com um pouco de tudo, o apito final, e a respetiva conquista dos 3 pontos, não chegaria sem antes se apanhar um susto. É que aos (90'+10'), à entrada da área, Léo Santos rematou e a defesa de Trubin foi apertada.
O Benfica traz da Madeira mais 3 pontos na bagagem, justos e meritórios, num jogo complicado, muito difícil, mas que, face ao volume produzido, à postura, à personalidade e ao domínio, com e sem bola, não merecem contestação. Sabor bom, doce, a justiça!
E segue-se o dérbi! Benfica e Sporting medem forças no Estádio da Luz, na próxima sexta-feira, 5 de dezembro. O encontro, da 13.ª jornada da Liga Betclic, tem apito inicial agendado para as 20h15. A janela seguinte a reabrir-se será a da Champions... mas "un día a la vez".
SL Benfica
AS NOTAS DOS JOGADORES DO BENFICA:
Pavlidis, claro, a oferecer o triunfo e a pele; Prestianni e Schjelderup determinantes para a reviravolta encarnada
O melhor em campo: Pavlidis (7)
Sempre disponível para receber e virar-se, sempre disponível para receber e passar, quase sempre de costas para a baliza, sobretudo na primeira parte, teve duas ocasiões para visar a baliza nos primeiros 45 minutos: desvio ligeiro de cabeça para corrigir remate torto de Aursnes aos 26', dois minutos depois atirou de cabeça, mas na direção de Kaique. Generoso, manteve-se em jogo, disponível, correu como poucos para pressionar o Nacional na primeira fase de construção e no aperto do resultado, no momento da verdade, levou a equipa até à baliza madeirense e até ao triunfo. Lance de qualidade aos 63', evitando dois adversários antes de disparar para nova defesa de Kaique, depois trabalhou muito bem o lance que Prestianni tranformaria no 1-1. Foi médio, extremo e ponta de lança e acabaria em merecida glória com o 2-1.




Trubin (6) — Depois de uma primeira parte a ver a bola ao longe, começou a trabalhar aos 53', para deter remate de Chucho Ramirez. Estava tranquilo da vida quando viu, todavia, a bola no fundo da baliza, inesperadamente, pois ninguém adivinharia aquele passe errado de Otamendi. No final, já com a equipa em vantagem, ainda foi ao relvado uma vez mais, segundos antes do apito final.
Dedic (6) — Muito ofensivo, aos 18 não pediu licença e disparou, mas errou o alvo, aos 75' poderia ter visado a baliza com outra qualidade, se não tem dado toques a mais na bola na direção da linha de fundo. Defensivamente, não tinha o que fazer, pelo que se entregou à vertigem atacante no desespero e foi recompensado pelo toque final, simples, precioso, para a cavalgada de Prestianni no 1-1.
António Silva (6) — Começou por sobressair através de um passe de qualidade, 40 metros, logo ao minuto 2, a deixar Dahl em boa posição para atacar a área do Nacional, acabaria por desperdiçar momento de glória quando errou cabeceamento frontal aos 71', com tudo para fazer o 1-1, aos 76'. Fez trabalho defensivo competente.
Otamendi (4) — Terminou o jogo a celebrar como se fosse dele o golo do triunfo, sentindo que poderia ter comprometido seriamente as contas do Benfica na Liga. Errou o passe em zona defensiva, um passe com o pé esquerdo de curta distância, viu o Nacional fazer o 1-0 e a partir daí mudou-se praticamente para a área madeirense. Foi precisamente aí que tabelou com Schjelderup antes de o norueguês oferecer o 2-1 a Pavlidis. O toque do argentino nem foi perfeito, mas Schjelderup resolveu.
Dahl (6) — Manteve nível razoável ao longo de toda a partida. E fartou-se de pedir a bola a Sudakov, que teimava em fugir para o meio ou para a direita em vez de dar ao sueco. Atacou e defendeu com segurança.
Aursnes (5) — Em excelente posição, frontal à baliza, aos 26', atirou mal, mais tarde, aos 63', novo remate imperfeito. Seis minutos depois, em jeito, foi mais perigoso mas também não acertou no alvo. Valeu pelo equilíbrio que foi dando no passe e no posicionamento quando todos avançavam.
Barrenechea (5) — Combinou com novo parceiro, Aursnes, e manteve o registo, não correndo muitos riscos. Bom, mas raro, passe de 50 metros aos 34 minutos, aos 58' atirou em boa posição, mas o pé esquerdo não estava calibrado.
Rodrigo Rêgo (4) — O jogo não estava a sair muito bem ao extremo, em estreia pelo Benfica na Liga, mas teve dois bons momentos seguidos: excelente passe aos 27', desaproveitado por Barreiro, aos 28' cruzou bem para a cabeça de Pavlidis. No segundo tempo, um mau remate e falta de soluções, a pedir a substituição.
Leandro Barreiro (5) — Entrou bem e aos 6', no meio de uma floresta de pernas, ainda conseguiu atirar na direção da baliza, aos 10', de fora da área, bom remate, para defesa de Kaique. Aos 27' não teve qualidade técnica para receber belo passe de Rêgo e aos 57' errou, a dois metros da baliza, o desvio fatal, embora, em sua defesa, possa referir que estava adiantado em relação à bola. Correu muito na primeira fase de pressão.
Sudakov (6) — Primeira parte modesta a todos os níveis: na finalização, no drible, no discernimento, no envolvimento no jogo. Na segunda parte, então sim, assumiu e assumiu-se, servindo três companheiros com qualidade: Barreiro, Barrenechea e António Silva. Foi organizador e trabalhador.
Prestianni (7) — Entrou aos 58'e rapidamente construiu bom lance na esquerda. Teria momento de sonho aos 75', quando fez o 1-1, com excelente remate.
Ivanovic (5) — Entrou aos 64', andou perto da baliza, mas o golo nada quer consigo. Não obstante, mexeu com o ataque.
Schjelderup (7) — Entrou aos 77' e acabaria por construir o lance, bonito, do 2-1. Qualidade técnica e nervos de aço.
Nuno Reis, in a Bola

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