segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

NO PRESSIONAR É QUE ESTEVE O GANHO



Numa exibição em que as águias fizeram da pressão alta a sua maior arma, o Benfica venceu o Moreirense, por 0-4, em jogo da 14.ª jornada da Liga Betclic. Pavlidis apontou um hat-trick.
Com um hat-trick de Pavlidis e um golo de Aursnes, o Benfica venceu o Moreirense, por 0-4, em jogo da 14.ª jornada da Liga Betclic. O Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas viu, neste final de tarde de domingo, 14 de dezembro, uma exibição em que as águias juntaram labor, qualidade e eficácia.
Depois da bonita história europeia escrita frente ao Nápoles (2-0), o Benfica deslocou-se a Moreira de Cónegos. No onze escalado por José Mourinho, Pavlidis foi a única alteração no onze inicial em relação à partida frente aos italianos.
Deste modo, o melhor marcador encarnado em 2025/26 (16 golos apontados até ao jogo frente ao Moreirense) alinhou ao lado de Trubin, Dedic, Otamendi, Tomás Araújo, Dahl, Barrenechea, Richard Ríos, Aursnes, Sudakov e Barreiro.
Os primeiros minutos do encontro revelaram um Benfica com mais bola e um Moreirense mais fechado. Foi nesta toada que surgiu um lance polémico.




Com um passe longo, que apanhou a defensiva adversária de surpresa, Tomás Araújo lançou Pavlidis no interior da área cónega. O internacional helénico recebeu, controlou, encarou Gilberto Batista, e, no duelo com o defesa do Moreirense, caiu na área, derrubado. O árbitro não assinalou penálti (3'), e nem o VAR sinalizou a infração.
Uma das raras situações em que os cónegos conseguiram finalizar surgiu aos 8' e foi de bola parada. Num canto no lado direito, Diogo Travassos colocou a bola no interior da área, Gilberto Batista cabeceou e Trubin, a dois tempos, segurou.
Fosse por arrancadas pelos flancos – principalmente no direito, onde Dedic foi sempre uma seta apontada à área contrária – ou por passes longos – aqui, na maioria das vezes, Otamendi e Tomás Araújo assumiram as despesas –, com o passar do tempo, o Benfica acercou-se da baliza à guarda de André Ferreira.
Curiosamente, foi com um lance rendilhado que os encarnados criaram a sua primeira grande chance de golo.
Já para lá da linha de meio-campo, Richard Ríos deu para Barrenechea, este entregou para Sudakov, que lateralizou para Dahl. O internacional sueco foi para dentro, viu Barreiro no interior da área e colocou-lhe a bola (ainda sofreu um desvio adversário). O médio recebeu, tocou de cabeça, deu para Dedic, e este, de imediato, assistiu Sudakov, que viu o seu cabeceamento bater em Dinis Pinto, com o esférico, depois, a ser afastado (21').




Numa fase em que já estavam instalados no meio-campo adversário, os encarnados faziam da pressão alta a primeira arma para ferir os cónegos.
Assim, aos 36', Aursnes ganhou uma bola vinda de André Ferreira, serviu Pavlidis, e o grego, após trabalhar bem, rematou cheio de intenção, mas o esférico foi desviado para fora. Ficava o aviso para aquilo que veio logo a seguir...
Na insistência do pontapé de canto, a bola viajou para o lado direito do ataque, onde estava... Aursnes, que, após combinar com Tomás Araújo, centrou direitinho para um excelente movimento de cabeça de... Pavlidis. O internacional helénico fez a bola entrar numa zona em que nem uma grande estirada de André Ferreira impediu o golo (0-1, aos 36').
Sempre por cima, o Benfica chegou ao intervalo a ganhar por 0-1, e tinha nas bancadas uma verdadeira Onda Vermelha que ia fazendo uma bem audível e magnífica festa!
Para o 2.º tempo, José Mourinho deixou Barreiro no balneário. O médio internacional pelo Luxemburgo havia ficado bastante queixoso após uma entrada muito dura de Stjepanovic, aos 28', que (apenas) valeu um cartão amarelo ao jogador do Moreirense. Rodrigo Rêgo foi o escolhido para ir para dentro do terreno de jogo.
Se a 1.ª parte já havia sido pintada de vermelho e branco, a etapa complementar teve ainda mais as cores do Glorioso.
A morder os calcanhares dos jogadores do Moreirense, as águias não deram nem tempo, nem espaço aos cónegos para orquestrar o ataque. Nessas linhas condutoras, o 0-2 chegou ao Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, assinado pela sociedade que abriu o ativo...
Aursnes recolheu um mau passe de jogador adversário, soltou imediatamente a bola para Pavlidis, com o grego a receber, a trabalhar bem, a fazer a mira às redes e a rematar – a bola ainda sofreu um ligeiro desvio em Maracás – para o fundo da baliza (0-2, aos 57'). Era o bis, mas o camisola 14 não iria ficar por aqui...
A vantagem de dois golos acentuou o domínio encarnado.
Diz-se que dois é bom, três é de mais, mas... a exibição que o Benfica fazia em Moreira de Cónegos merecia mais golos. Pavlidis foi da mesma opinião.
Aos 70', o avançado grego fez o 0-3, assinando, claro está, o hat-trick – o quarto de águia ao peito, depois de Barcelona e FC Porto, em 2024/25, e Arouca, já em 2025/26 – e o seu 19.º golo na época – o 13.º na Liga Betclic (em 14 jogos), prova em que é o melhor marcador! Em 2025, são já... 42 tentos!
Novamente com uma linha muito subida – as águias tinham 4 jogadores nas proximidades da área do Moreirense –, Pavlidis aproveitou uma bola vinda de Gilberto Batista, rodou sobre si e disparou muito forte para o fundo das redes (0-3, aos 70')!
O Moreirense, a muito custo, tentava minimizar estragos, mas o Benfica não só não permitia grandes veleidades aos homens orientados por Vasco Botelho da Costa como, 6 minutos depois, chegava o 0-4.
Depois de assistir Pavlidis por duas vezes, Aursnes fez, também ele, golo. E de que forma...
À imagem do que aconteceu no 0-2 e no 0-3, também o quarto tento encarnado nasceu de uma recuperação de bola numa zona muito alta do terreno de jogo, onde as águias tinham, outra vez, 4 jogadores.




Com uma boa aceleração para pressionar a saída de bola do Moreirense, Aursnes intercetou o passe que André Ferreira procurou fazer para um companheiro. Com a posse da bola, o médio norueguês viu o adiantamento do guarda-redes cónego e com um chapéu perfeito fez com que a bola beijasse a barra antes de ultrapassar a linha de golo (0-4, aos 76'). Um tento soberbo do camisola n.º 8, que, assim, chegou aos 2 golos nesta temporada na Liga Betclic.
Com 0-4 no marcador, aos 77', José Mourinho voltou a mexer na equipa, colocando em jogo Ivanovic e Schjelderup, nos lugares de Pavlidis (Man of the Match) e de Sudakov, respetivamente.
Há 3 minutos em campo, Schjelderup e Ivanovic desenharam o lance de perigo que se seguiu no encontro: o primeiro abriu na esquerda, onde o segundo recebeu e rematou muito forte, mas ao lado (80').
No minuto seguinte foi Rodrigo Rêgo a ficar perto de marcar. Jogada construída de trás para a frente; Richard Ríos entregou a bola ao jovem avançado, que após fletir da direita para o meio e tirar um oponente da frente, rematou muito forte, mas desviado do poste esquerdo (81').
O desafio encaminhava-se para o final e José Mourinho continuava a refrescar a equipa. Aos 82', lançou Manu na vez de Barrenechea; aos 86', permitiu a José Neto – após se estrear pela equipa A no jogo frente ao Nápoles – somar os primeiros minutos na Liga Betclic.
Um minuto antes da entrada do campeão do mundo Sub-17, Manu abriu na esquerda, onde Schjelderup recolheu, encaminhou-se para a baliza, tentou o passe para Aursnes, mas este não conseguiu direcionar.
O último lance de registo do desafio teve também Schjelderup como autor. O avançado embalou pelo lado esquerdo, entrou na área, rematou, mas viu a bola ser intercetada (90'+2').
Pouco depois o árbitro deu o derradeiro apito, certificando a vitória do Benfica, por 0-4, num jogo em que mais do que aproveitar os erros do adversário, as águias proporcionaram-nos, o que valoriza muito o triunfo encarnado em Moreira de Cónegos.
Nesta quarta-feira, 17 de dezembro, o Benfica visita o São Luís, para defrontar o Farense, em encontro dos oitavos de final da Taça de Portugal. O pontapé de saída está agendado para as 20h45.
SLBenfica
Pavlidis marcou de cabeça (36’), pé direito (57’) e pé esquerdo (70’) e teve uma prenda no sapatinho no terceiro golo. Aursnes assistiu em dois golos e marcou o quarto, igualmente com uma prenda de Natal.
(8) Pavlidis
Os ingleses quase inventaram o futebol e inventaram uma expressão que existe há mais de 100 anos para definir, no futebol, quem marca três golos: ‘hat trick’. Mais tarde, acrescentaram um adjetivo: perfeito. O ‘hat trick’ perfeito é de quem marca três golos sem ninguém fazer algum pelo meio e, além disso, sendo um marcado de cabeça, outro com o pé direito e outro com o esquerdo. Foi esta a sequência de Pavlidis: cabeça (36’), pé direito (57’) e pé esquerdo (70’). O ‘hat trick’ perfeito de uma exibição perfeita, apesar de poucas bolas de jogo e de o terceiro golo ter sido uma oferta inesperada de Gilberto Batista. Porém, desta prendinha pré-Natal não tem culpa o arguto Pavlidis. O grego fora ultrapassado por Luis Suárez, na véspera, no topo da lista de goleadores da Liga, mas, em Moreira de Cónegos, Pavlidis recolocou tudo como estava antes da jornada: líder da BOLA de Prata.




(6) Trubin - Exibição de guarda-redes de equipa grande. Poucas intervenções e sem qualquer erro. O Moreirense não criou grandes oportunidades de golo e as que criou o ucraniano resolveu de forma perfeita.
(6) Dedic - O Moreirense não atacou muito pelo lado direito da defesa encarnada e, por isso, o bósnio teve noite tranquila a tapar os caminhos para Trubin. Nas manobras ofensivas mostrou-se intenso e atrevido, a começar, desde logo, pelo cruzamento para a cabeça de Sudakov. Pouco depois, percebeu que Otamendi ia fazer lançamento longo, desmarcou-se, recebeu a bola e, já na área, não finalizou como pretendia, mas mostrou capacidade atacante.
(7) Tomás Araújo - Muito bem, à entrada do jogo, a tapar a progressão de Landerson sobre a esquerda do ataque do Moreirense, impedindo que o jovem brasileiro criasse ainda mais perigo. Continuou a servir de forte tampão às iniciativas do adversário e, aos 37’, é ele quem descobre Aursnes na direita, para o norueguês cruzar para o golo de abertura.
(7) Otamendi - Imperial a defender a área de Trubin e ousado em algumas jogadas ofensivas, como no longo lançamento, ainda antes do primeiro golo, para Dedic criar potencial perigo na direita.
(6) Dahl - Algumas dificuldades iniciais frente ao rápido e atrevido Diogo Travassos. Porém, com o passar dos minutos, as dificuldades foram diminuindo e o sueco pôde, assim, avançar bem mais no terreno.
(5) Ríos - Cometeu alguns erros na construção, perdendo bolas desnecessárias, não estando ao nível dos últimos jogos.
(6) Barrenechea - Importante a defender a baliza de Trubin em algumas bolas por alto. Bem ativo, depois, na construção do Benfica, embora sem lances de grande perigo.
(7) Aursnes - Há canivetes suíços, que servem para resolver quase todos os problemas, mas há também os canivetes noruegueses. É o caso de Aursnes, Frederik para os treinadores. Parece estar a recuperar o nível a que habituou os benfiquistas e esteve em três dos quatro golos. Assistindo em dois dos três de Pavlidis e marcando o último, com um chapéu notável após falha incrível do guarda-redes André Ferreira.






(5) Leandro Barreiro - Lutou, correu, suou e levou uma pancada de Stjepanovic, aos 29’, que o deixou muito queixoso. Aguentou ao intervalo, mas não regressou, substituído por Rodrigo Rêgo.
(6) Sudakov - Não mordia, mas já morde. Não morde ainda como um tigre, mas já não morde como um gatinho. Talvez por isso, por entre algumas jogadas bem interessantes do ponto de vista técnico, não deu demasiadamente nas vistas. Podia ter marcado, aos 21’, mas o desvio de cabeça após cruzamento de Dedic não lhe saiu bem.
(5) Rodrigo Rêgo – Foi jogar na direita, quase encostado à linha, mas optando também, muitas vezes, pelo corredor central. Não teve êxito, mas foi tentando. O que é sempre de louvar.
(4) Schjelderup – O resultado estava feito e não teve de empregar-se a fundo para mudar o que decidido estava.
(4) Ivanovic – Tentou arrancar algumas jogadas ao nível das que teve frente ao Nápoles, mas, com 4-0, tudo estava resolvido.
(4) Manu Silva – Cerca de dez minutos no lugar de Barrenechea, ocupando zonas de 8 e de 6. Entrou quando o Benfica já vencia por 4-0 e, assim, deu mais uns passos seguros rumo à total recuperação física e mental, depois da longa lesão.
(-) José Neto – Mais uns minutinhos em campo para se ir habituando ao jogo dos seniores.
Rogério Azevedo, in a Bola

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