A derrota com a Alemanha, porque foi expressiva (4-0), marcou decisivamente a participação da seleção de Portugal no Mundial. Faltaram três golos aos portugueses para passar aos oitavos-de-final. Que poderiam ter sido marcados no jogo com o Gana. E não foi por falta de oportunidades, que as houve de sobra. Mas, muito mais por mérito do guardião ganês, Dauda, do que por demérito de Cristiano Ronaldo, elas não foram concretizadas.
Mesmo assim, o último jogo serviu para confirmar que o fracasso dos escolhidos por Paulo Bento começou na primeira partida e não só deixou marcas que surpreenderam muita gente como revelou também males e maleitas, bem como erros de preparação, que justificam análise e explicação.
Desde logo, na obtenção de informação sobre como jogam e se comportariam os alemães em jogos com as características como as fase de grupos de um torneio como o Mundial e que fazem de cada partida uma final. Vem isto a propósito de terem sido os primeiros a admirarem-se com vitória expressiva sobre aquele que consideravam ser o maior adversário do grupo e teriam de enfrentar logo na primeira partida.
Um dos primeiros a não esconder essa admiração foi o antigo guarda-redes e capitão do Bayern e da seleção alemã, Oliver Kahn, hoje comentador do ZDF (segundo canal público alemão), reconhecendo que a sorte esteve do lado dos comandados de Joachim Löw, no penalty (discutível) assinalado pelo árbitro argentino, que considerou que João Pereira agarrou Mario Götze na grande área e, depois, puniu com cartão vermelho a tentativa de agressão de Pepe a Thomas Müller, dois factos que contribuíram para debilitar a seleção portuguesa.
Oliver Kahn veio, afinal, dizer que Joachim Löw sabe muito bem como devia preparar, física e mentalmente, os seus homens para jogo tão importante. E não só cuidou de habilitar um homem neutralizar Cristiano Ronaldo (Jérôme Boateng), fazendo, afinal, o que tinha anunciado em conferência de imprensa («teremos sempre Cristiano Ronaldo debaixo de olho»), como se encarregou ainda de os instruir para algumas das debilidades dos portugueses. Desde logo, porque sabe bem que alguns deles fervem em pouca água. E foi o que se viu... Até Müller já reconheceu publicamente que exagerou nas queixas ao toque de Pepe, fazendo teatro — coisa de que o público alemão não gosta — e reconheceu que não houve agressão do central português, mas «ameaça reprovável»... que o árbitro decidiu punir com a expulsão.
Na Alemanha como em Portugal, um Europeu ou um Mundial preenchem muita da programação televisiva, ainda que em doses claramente inferiores às das televisões portuguesas, e com conteúdos inequivocamente melhores, e o que se viu nos dias a seguir é que os alemães temiam a seleção portuguesa muito mais do que os adeptos possam pensar e do que os próprios jogadores foram levados a pensar. De outro modo, tal como se viu nos últimos confrontos com a Alemanha, teriam tido outra atitude em campo, sobretudo autoritária e agressiva, entendida aqui a agressividade como expressão de saber e qualidade para mandar no jogo.
Por outro lado, quem ouviu os jogadores alemães e os portugueses antes desse jogo percebeu seguramente também diferenças de preparação no jogo das palavras: ausência de estratégia de comunicação no lado português e preparação cuidada de cada um dos alemães para os momentos em que teriam de enfrentar os jornalistas. Não basta apregoar que o grupo está unido. É preciso também que toda a conduta seja resultado dessa união, nas palavras e nos atos.
O resto, embora seja também conta do mesmo rosário, vai continuar a dar que falar por mais algum tempo: lesões (reais, simuladas ou escondidas), escolha do local de estágio e para concentração e preparação, estudo, ou não das condições climáticas nos locais dos jogos, mensagens e discursos... Uma coisa é certa, a Alemanha não era nenhum papão, como se pode depreender do que foram dizendo os próprios alemães, depois do jogo inaugural. Se havia medo, não era só do lado português, era também da parte dos alemães.
PS.: Mais uma observação final: tal como Saltillo (1986) e Macau (2002), Campinas (2010) vai entrar também no léxico do futebol português, pelos piores motivos.
Mesmo assim, o último jogo serviu para confirmar que o fracasso dos escolhidos por Paulo Bento começou na primeira partida e não só deixou marcas que surpreenderam muita gente como revelou também males e maleitas, bem como erros de preparação, que justificam análise e explicação.
Desde logo, na obtenção de informação sobre como jogam e se comportariam os alemães em jogos com as características como as fase de grupos de um torneio como o Mundial e que fazem de cada partida uma final. Vem isto a propósito de terem sido os primeiros a admirarem-se com vitória expressiva sobre aquele que consideravam ser o maior adversário do grupo e teriam de enfrentar logo na primeira partida.
Um dos primeiros a não esconder essa admiração foi o antigo guarda-redes e capitão do Bayern e da seleção alemã, Oliver Kahn, hoje comentador do ZDF (segundo canal público alemão), reconhecendo que a sorte esteve do lado dos comandados de Joachim Löw, no penalty (discutível) assinalado pelo árbitro argentino, que considerou que João Pereira agarrou Mario Götze na grande área e, depois, puniu com cartão vermelho a tentativa de agressão de Pepe a Thomas Müller, dois factos que contribuíram para debilitar a seleção portuguesa.
Oliver Kahn veio, afinal, dizer que Joachim Löw sabe muito bem como devia preparar, física e mentalmente, os seus homens para jogo tão importante. E não só cuidou de habilitar um homem neutralizar Cristiano Ronaldo (Jérôme Boateng), fazendo, afinal, o que tinha anunciado em conferência de imprensa («teremos sempre Cristiano Ronaldo debaixo de olho»), como se encarregou ainda de os instruir para algumas das debilidades dos portugueses. Desde logo, porque sabe bem que alguns deles fervem em pouca água. E foi o que se viu... Até Müller já reconheceu publicamente que exagerou nas queixas ao toque de Pepe, fazendo teatro — coisa de que o público alemão não gosta — e reconheceu que não houve agressão do central português, mas «ameaça reprovável»... que o árbitro decidiu punir com a expulsão.
Na Alemanha como em Portugal, um Europeu ou um Mundial preenchem muita da programação televisiva, ainda que em doses claramente inferiores às das televisões portuguesas, e com conteúdos inequivocamente melhores, e o que se viu nos dias a seguir é que os alemães temiam a seleção portuguesa muito mais do que os adeptos possam pensar e do que os próprios jogadores foram levados a pensar. De outro modo, tal como se viu nos últimos confrontos com a Alemanha, teriam tido outra atitude em campo, sobretudo autoritária e agressiva, entendida aqui a agressividade como expressão de saber e qualidade para mandar no jogo.
Por outro lado, quem ouviu os jogadores alemães e os portugueses antes desse jogo percebeu seguramente também diferenças de preparação no jogo das palavras: ausência de estratégia de comunicação no lado português e preparação cuidada de cada um dos alemães para os momentos em que teriam de enfrentar os jornalistas. Não basta apregoar que o grupo está unido. É preciso também que toda a conduta seja resultado dessa união, nas palavras e nos atos.
O resto, embora seja também conta do mesmo rosário, vai continuar a dar que falar por mais algum tempo: lesões (reais, simuladas ou escondidas), escolha do local de estágio e para concentração e preparação, estudo, ou não das condições climáticas nos locais dos jogos, mensagens e discursos... Uma coisa é certa, a Alemanha não era nenhum papão, como se pode depreender do que foram dizendo os próprios alemães, depois do jogo inaugural. Se havia medo, não era só do lado português, era também da parte dos alemães.
PS.: Mais uma observação final: tal como Saltillo (1986) e Macau (2002), Campinas (2010) vai entrar também no léxico do futebol português, pelos piores motivos.
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