terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ENTREVISTA DE JONAS


A maioria dos jogadores sofrem ao mudar de clube no início de cada temporada. Imagine então acertar a transferência com as competições em andamento e chegar em uma nova equipe sem a preparação ideal. Foi esse o caminho do atacante Jonas, que trocou o Valencia, da Espanha, pelo Benfica, de Portugal, em setembro do ano passado, estreando apenas no mês seguinte. Muitos duvidavam da capacidade de adaptação do brasileiro, mas os números não deixam mentir: 14 gols em 16 partidas, confiança da torcida e posição de titular em um ataque concorrido. Em entrevista por telefone, Jonas admitiu a surpresa por uma evolução tão rápida e exaltou a estrutura do clube português.
- Quando cheguei, o pessoal já estava em andamento na temporada, mas me receberam muito bem, o clube é muito estruturado. De todos os clubes que passei é o que tem a melhor estrutura, com profissionais em todas as áreas. Isso tudo facilitou muito a adaptação. Dentro de campo não tive muita dificuldade, estava na Espanha, uma liga forte. Mas fora de campo me ajudaram muito, não fiz a pré-temporada como gostaria no Valencia, mas me deixaram muito bem para estrear e dar andamento ao trabalho. Estou muito feliz. Não imaginava que o começo seria tão bom quanto está sendo. Tive que conhecer todos os companheiros, me acostumar com o jeito deles de jogar. Mas todo o conjunto me ajudou e vem dando certo - destacou o camisa 17, em entrevista por telefone.
 AFP)
Artilheiro brasileiro em campo pelo Benfica: Jonas tem 14 gols em 16 partidas pelos Encarnados
Aos poucos, Jonas sai do papel de "reforço que chega para somar" e encara uma posição de protagonismo do clube que busca o bicampeonato do Português. Prestigiado pelo treinador Jorge Jesus, o atacante de 30 anos busca o espaço entre os brasileiros Anderson Talisca, Lima e Derlei, disputa importante, segundo o próprio jogador, para elevar o nível do elenco.
- Quando você muda de clube fica aquela expectativa de ter uma sequência, ser titular, mas sempre respeitando os companheiros. O Benfica ganhou tudo em Portugal na última temporada, chegou à final da Liga Europa por dois anos seguidos, então é claro que o trabalho vinha sendo bem feito, o time encaixadinho. Com muito esforço nos treinamentos e conversando com todos os brasileiros por aqui, consegui me entrosar. São muitos atacantes brasileiros, Lima, Derlei, Talisca jogando um pouco mais recuado, isso facilita muito. A gente conversa, observa nos treinamentos e vai entrando em sintonia dentro dos jogos. 
O pessoal prioriza muito o Campeonato Português por aqui"
Jonas
Muitos brasileiros podem pensar que a Liga dos Campeões é a competição mais cobiçada pelos torcedores lusos. Porém, para os torcedores do Benfica, o troféu da liga nacional é obrigação, chegando a ser mais cobrado e comemorado do que qualquer outro. Eliminado na fase de grupos da Champions, sem Jonas - impedido de atuar por não estar inscrito - os Encarnados encaram uma pressão ainda maior pela conquista do Português.
- O pessoal prioriza muito o Campeonato Português por aqui. Então é aquela coisa, saímos da Liga dos Campeões, mas estamos muito bem na competição que eles mais levam em consideração. É realmente o que eles gostam, toda essa rivalidade com as equipes por aqui. É uma espécie de “aqui quem manda somos nós”. Tem muita rivalidade, inclusive com o Sporting, mas com o Porto supera, é muito maior. Na rua todos cobram o título, cobram bons jogos contra o rival. No primeiro turno ganhamos de 2 a 0, já é muito bom, é uma partida que conta muito para o decorrer da competição. São seis pontos de diferença, grande vantagem, é muito difícil de terminar assim. É tentar manter esse ritmo. 
 Agência EFE)
Jonas trocou o Valencia pelo Benfica em setembro de 2014 e já conquistou a titularidade
Confira outros trechos da entrevista com o atacante do Benfica:
GLOBOESPORTE.COM: Quando chegou ao clube, você já havia demonstrado a vontade de jogar a Liga dos Campeões, mas só poderia entrar se o time avançasse. Foi uma frustração a eliminação na fase de grupos?
JONAS: Quando fechei com o Benfica, já não podia jogar a Liga dos Campeões na primeira fase, então estava na torcida para que o time avançasse. Queria muito jogar. O grupo era equilibrado, com Leverkusen, Monaco, qualquer um poderia passar. Infelizmente ficamos pelo caminho, tivemos alguns tropeços em casa que dificultaram a classificação. 
É claro que a convivência com os brasileiros facilita na adaptação. Como é esse contato com o Luisão, sendo ele um ícone do Benfica?
- O Luisão aqui é um símbolo muito importante para o clube, não só dentro de campo, mas também fora dele. Faz muito por todos aqui. Já é a 12ª temporada dele no clube e o que me chamou muito a atenção é a simplicidade. Todo jogador que chega aqui ele ajuda, sempre disposto, sempre orientando, falando como é o clube, o país. Quando alguém chega ele organiza encontros fora de campo para juntar o time, busca deixar o pessoal cada vez mais unido. É uma pessoa que eu tinha convivido duas vezes na Seleção, não conhecia como era. Ele ajuda muito, não só os brasileiros, é referência para todos que querem desempenhar o melhor futebol por aqui. É o centro do clube, uma pessoa incrível. 
 Divulgação / Site Oficial)
Luisão em ação pelo Benfica: zagueiro é o capitão e a referência dos jogadores no clube
E o Julio César, como está encarando esse bom momento depois daquela decepção na Copa do Mundo?
O Julio é gente boa pra caramba, uma figura (risos). Ele chegou bem animado aqui. Quando veio até conversou com a gente. Ele estava chateado depois da Copa do Mundo, pensou um pouco em dar uma parada, mas veio para o Benfica e está renovado, parece um jovem. Ficou muito tempo sem levar gols, a autoestima dele voltou. Brinco com ele que ainda dá para jogar uns cinco, seis anos. Está confiante e sendo muito importante pela experiência, qualidade e liderança que exerce.
Você já vestiu a camisa do Grêmio, agora está defendendo os Encarnados. Quanto à rivalidade, qual a maior: Grêmio e Internacional ou Benfica e Porto?
- Difícil (risos). A rivalidade aqui é muito grande, mas Gre-Nal é igual, não tem uma rivalidade maior, nem menor. O Gre-Nal é um campeonato a parte no sul do Brasil. O bicho pega também (risos). São confrontos muito semelhantes. 
 Lucas Uebel )
Bandeirão de Jonas, na época de Grêmio: atacante deixou marcada a passagem pelo clube

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