segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
O CAOS DA LUZ, BRUNO, JESUS E... CRUYFF
O fim de semana trouxe-nos uma inevitabilidade: depois de semanas de pressões diretas e indiretas, a arbitragem, na pessoa de Luís Ferreira, cedeu e o juíz de Barcelos assinou um trabalho desvirtuado no Estádio da Luz durante o Benfica-Boavista, com prejuízo para a equipa da casa. Neste caso,flagrante, creio que o árbitro deve ser visto como, sobretudo, uma vítima das circunstâncias criadas em torno das condições para o seu desempenho, sucumbindo, como elo mais fraco da cadeia, à necessidade de parecer imparcial recorrendo à parcialidade, não num, nem em dois, mas sim em trés lances capitais. Foi inteligente Rui Vitória ao não colocar o foco sobre o árbitro nos considerandos que realizou após a partida, preferindo saudar o inconformismo dos seus jogadores, que estiveram perto da reviravolta completa. Mas deverá também meditar nas razões de tão pálida exibição do Benfica na primeira meia hora em que apenas as camisolas entraram em campo. Não há evolução sem autocrítica e os encarnados não deverão cair nos erros que vitimaram leões e dragões, mais os de Alvalade que os da Invicta.
Já de Chaves chegaram notícias mais complexas, porque o que aconteceu na cabine do Sporting depois do jogo dos flavienses coloca em causa, sobretudo a autoridade de Jorge Jesus. Além de que muito pouco avisado falar de cabeça quente, como fez Bruno de Carvalho... Mas não há treinador que resista a um presidente que se intrometa entre ele e os jogadores, limitando-lhe a margem de manobra e subalternizando-lhe o discurso. Jorge Jesus, em tantos anos de carreira, nunca tinha tolerado isto a nenhum presidente. Até agora... A propósito, lembro aqui um episódio que testemunhei em Barcelona, no dia do primeiro treino de Luís Figo em Camp Nou. Johan Cruyff andava, ídolo de jorge Jesus, andava de candeias às avessas com Joseph Luís Nuñez, presidente do Barça e teve, na conferência de imprensa, uma frase lapidar que traduzia, afinal, a sua forma de estar na vida: «Aqui, no que respeita ao futebol, o presidente só tem um poder: despedir-me. O resto é comigo». Na verdade, se não houver uma linha nítida entre a ação do treinador e a intervenção do presidente, o caso estará sempre mal parado. E, antes do resto, Jesus e Bruno de Carvalho precisam de decidir sobre essa matéria.
José Manuel Delgado, in a bola
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