"Uma vez fui a Gibraltar, o rochedo britânico no Sul de Espanha. Era mais uma marca no passaporte e a possibilidade de beber umas cervejas inglesas num pub tradicional com uns amigos. Houve quem fosse às compras, houve quem ficasse simplesmente sentado na esplanada. Foi o meu caso.
E da cadeira ao sol pude observar um fenómeno interessante. É conhecida a comunidade de Macaca sylvanus, os famosos macacos de Gibraltar, que circula pelo pequeno território. Têm uma protecção especial por parte das autoridades que gerem esta possessão entre África e a Europa. Dizem os entendidos que esta é a única espécie de primatas (para lá do Homem) que vive em liberdade na Europa. Os entendidos nunca devem ter visitado a zona das Antas, na cidade do Porto.
Ali - em Gibraltar, claro - os macacos podem tudo. Roubam máquinas fotográficas, gelados, restos de comida, irritam-se com quem lhes faz frente, atiram objectos a quem os observa, e tudo sob protecção de um líder. Há vezes em que parecem um bando de arruaceiros a entrar por uma estação de serviço. Mas não são. São apenas animais que surgiram quase por milagre no rochedo.
Ninguém sabe muito bem de onde vieram, mas os turistas de cabeça no ar já se habituaram à sua presença.
E tudo lhes é permitido por isso mesmo, por serem uma espécie protegida. Não há juiz babuíno que os prenda, não há federação de primatas que os castigue, não há comunicação social de símios que os denuncie. Se for a Gibraltar, tire uma fotografia com os animais. Antes que eles lhe roubem a máquina."
Ricardo Santos, in O Benfica
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