sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A REGULAÇÃO NO FUTEBOL PORTUGUÊS


"Como estava previsto, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, foi ouvido na Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República para poder expor, em pormenor, as razões fundamentais que nortearam a publicação de um artigo que causou grande impacto sobre as suas legítimas preocupações no que respeita no actual estado crítico do futebol português.
Percebe-se, em primeiro lugar, que o timing não é melhor. O futebol já tem fama de ser suficientemente marginal à sociedade para não lhe merecer, em qualquer altura, a importância do esforço de qualquer intervenção estrutural, quando mais agora que o país vive tempos justificadamente ocupados pela urgência de responder, aos mais diversos níveis, à calamidade pública causada pelos incêndios que flagelaram e destruíram parte significativa da floresta, ceifando mais de uma centena de vidas e arrasando o património de centenas de portuguesas.
Mas não é pelo facto de Portugal ter, neste momento, as suas maiores atenções viradas para o rescaldo de uma tragédia brutal que todos os outros problemas reais da sociedade portuguesa deixam de ser problemas. E, entre estes problemas, está, de facto, o estado de profunda crise moral, cívica e desportiva do futebol profissional.
O que Fernando Gomes foi dizer ao Parlamento é que o futebol já não governa, nem se governa. Que é urgente criar um regulação autónoma, com capacidade de decisão e de penalização. Que aos políticos cabe agir, legislar e mudar esta grave situação. Não foi pouco. Será muito, se os políticos assumirem, agora, o seu dever."

Vítor Serpa, in A Bola

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