A juventude é a fase embrionária de um talento. Nesse tempo de sonhos e ilusões define-se o rumo dos homens, primeiro por instinto e às vezes atrevimento inconsciente, depois pela disponibilidade em acumular informação, crescer e fortalecer a aprendizagem; antes como sinal precoce de uma vocação genética, depois como consolidação de armas que permitem resistir à tragédia e à glória efémera. No futebol, o talento juvenil é visto, em muitas ocasiões, como elemento volátil, de confirmação duvidosa. Tão depressa é uma fonte de inspiração que antecipa a expressão de génios como serve para lançar a dúvida e crucificar exageros; tende a alimentar a esperança mas, não raras vezes, funciona como anúncio do apocalipse. O guarda-redes sofre mais do que os outros porque a sua construção depende de elementos técnicos, táticos, físicos e psicológicos indissociáveis da evolução humana. O tempo é um velho amigo, porque traz ferramentas fundamentais ausentes nos primeiros passos.
A expressão total da grandeza do guardião do templo costuma ser feita aos poucos, até atingir a fronteira imaginária, entre os 25 e os 30 anos, quando completa os argumentos de uma tarefa interdita a menores. O passar dos anos acrescenta os valores adultos e imprescindíveis de maturidade, serenidade, liderança, estatuto e intimidação - e só então o puzzle se conclui, desde que não sejam danificadas as virtudes mais relevantes logo detetadas no ADN (instinto, ilusão, magia, coragem, compromisso…). Svilar é um fenómeno porque, aos 18 anos, já equilibra qualidades do adolescente que ainda é com as de um veterano; consegue ser expansionista sem ser extravagante; é candidato a protagonista mas não se diminui assumindo o papel de ator secundário; tem confiança insolente para se entregar a aventuras contínuas e exibicionistas mas reconhece as vantagens de se manter calmo ao fim de longos períodos como espectador.
O belga tem quase tudo do que é feito um mago das balizas: físico, elegância, carisma, coragem, concentração, técnica, inteligência, confiança, agilidade e reflexos... Raros foram os que assimilaram, em tão tenra idade, tantos princípios inerentes ao papel que lhes cabe numa potência. Svilar orienta-se pela eficácia em detrimento do adorno e da espetacularidade. É um adolescente precoce, com perfil de adulto, que vai atingir o auge mais cedo do que os outros. Longe de ser um projeto concluído, já possui qualidades que o levaram precocemente ao estatuto de enorme guarda-redes. Amadeo Carrizo (n. 1926), o argentino que revolucionou a função nos anos 50, pelo River Plate, disse com desassombro: "Um guarda-redes só se faz verdadeiramente depois de sofrer mil golos." Mesmo considerando o exagero, servem as palavras do velho general para percebermos que Svilar tem ainda muita estrada para andar.
Para o Benfica, o ideal seria repetir com o belga o que foi feito com Oblak (aos 18 anos estava no Olhanense) e Ederson (defendia o Ribeirão): emprestá-lo para rodar e cometer todos os erros de crescimento longe da Luz. Rui Vitória correu o risco e lançou um jovem com disco rígido incompleto. Face ao erro com o Man. United, anunciou desde logo que jogaria nas Aves, ao contrário do que fez com Bruno Varela, depois do falhanço no Bessa. A incoerência está à vista mas o treinador está obrigado, também, a decidir segundo as suas convicções - para Vitória há diferenças entre um bom guarda-redes, que desempenhou missão específica, e outro que, cometendo erro clamoroso, tem o perfil dos melhores do Mundo. José Mourinho deu uma achega: "Este miúdo é uma fera. O Benfica tem um guarda-redes top." Svilar passeia com a palavra 'classe' escrita em cada gesto e movimento. Devia esperar um pouco, é verdade, mas as circunstâncias anteciparam o processo: tem de começar já a construir o império como senhor das balizas encarnadas.
Empate de CR7
na luta com Messi
Para Valdano, de cada vez que Messi se constipa, CR7 é o melhor do Mundo
na luta com Messi
Para Valdano, de cada vez que Messi se constipa, CR7 é o melhor do Mundo
Cristiano acaba de cometer uma proeza extraordinária: igualar Messi na conquista dos prémios individuais mais importantes do futebol. O parcial de 5-5 em dez anos consecutivos não tem paralelo na história do futebol. O argentino andou sempre à frente e chegou a ter vantagem de 4-1, num cenário global, agora mais esbatido, ser o melhor de sempre. Um exagero que CR7 sublinha com este empate inacreditável.
Guarda-redes
no ponto certo
Benfica e FC Porto mudaram de guarda-redes praticamente ao mesmo tempo
no ponto certo
Benfica e FC Porto mudaram de guarda-redes praticamente ao mesmo tempo
Svilar encerra riscos por tenra idade e ausência de experiência, José Sá remete para a eventualidade de um problema onde havia solução (Casillas). Aos 24 anos, está no ponto para assumir a baliza portista, desde que seja essa (e é) a convicção do treinador. Sérgio Conceição optou com base em argumentos invisíveis do exterior. Nem por isso deixa de ser uma decisão menos legítima. Se é correta, o tempo dirá.
Dupla grosseria
de Rui Costa
Em Alvalade aconteceu um momento de arbitragem de todo lamentável
de Rui Costa
Em Alvalade aconteceu um momento de arbitragem de todo lamentável
Rui Costa sentiu-se enganado por Gelson e transformou penálti claro em simulação do sportinguista, reagindo à imaginária ofensa com um cartão amarelo vergonhoso. O erro, apesar de grosseiro, é desculpável. Miserável foi manter a decisão vistas as imagens do VAR. Entre abdicar do quero, posso e mando e ser humilde, preferiu ser simplesmente ridículo. Não há tecnologia que valha à incompetência.
Rui Dias, in Record
OBS: E o primeiro golo do Sporting e o penalty do Rui Patrício não entram nesta equação porquê? É o que faz escrever com lentes verdes.
OBS: E o primeiro golo do Sporting e o penalty do Rui Patrício não entram nesta equação porquê? É o que faz escrever com lentes verdes.
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