"A questão da semana incide sobre a crise do vídeo-árbitro: o problema é o protocolo ou é o Porto ao colo?
Pressionado pela opinião pública na sequência de uma série de decisões absurdas, viu-se obrigado o Conselho de Arbitragem a sair à rua para defender a excelência dos serviços prestados por esse fautor da modernidade que, pela segunda temporada consecutiva, vem assentando arraiais no nosso campeonato.
Explicou também Tiago Craveiro, director-geral da FPF, que “o VAR não nasceu para acabar com as discussões de café’.
Qualquer proprietário de um café sabe que Craveiro está a falar a verdade. Mas não toda a verdade. De norte a sul do país, registam os observadores destes fenómenos sociais que as discussões, as zaragatas entre os clientes dos cafés e dos snack-bars não acabaram de todo com a chegada do VAR.
Porém, aumentaram imenso.
Já nem discussões são, são verdadeiros motins que começando dificilmente terminam sem – umas quantas mesas pelo ar e um valioso stock de louça partida. Os donos dos cafés estão a passar-se com o VAR porque lhes está a dar prejuízo.
A conclusão a que se chega é que uma coisa como o VAR, que nasceu para acabar com benefícios, está dar prejuízos e logo ao comércio. Ao cabo de 11 jornadas da prova maior do futebol português, o Conselho de Arbitragem soube contar até 9 as avaliações erradas desta invenção que não dá sossego aos cafés de Portugal. Mas o mesmo Conselho de Arbitragem não soube apontar, uma a uma, que 9 avaliações erradas foram essas e em que jogos e com que intervenientes. Laxistas. Depois admiram-se com cadeiras a voar nos cafés e com zaragatas afins por todos as cervejarias do país. O Conselho de Arbitragem, ao não informar o público detalhadamente sobre estes 9 incidentes de percurso do VAR, está a proceder muito mal. Infelizmente, o dano não se fica por aqui porque o Conselho de Arbitragem ,ao não informar o público sobre o número de ‘não-avaliações-passíveis-de-avaliação’, está a proceder pessimamente, dando azo à má-língua.
As desculpas oficiais para estes constrangimentos do VAR residem invariavelmente naquilo a que os especialistas chamam ‘protocolo’. O problema é o protocolo, diz-se à boca cheia.
Mas o que é o protocolo do VAR? É o Manual de Implementação para Competições concebido pelo International Board e no qual se encontram descritos princípios como “apenas o árbitro pode iniciar uma revisão” ou “a decisão original tomada pelo árbitro não é alterada a menos que a revisão mostre claramente que a decisão estava claramente errada” ou “um jogador que faça o sinal de revisão será advertido com um cartão amarelo”. Tudo coisas que entram pelos olhos dentro por força da sensatez. À mesa ou ao balcão, a conclusão é que o “protocolo do VAR” não tem culpa nenhuma do ambiente nos cafés de Portugal.
Não é, portanto, o protocolo. É mesmo o Porto ao colo."
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