"A propósito de uma intervenção que tive no início desta semana, sobre as etapas de desenvolvimento dos jovens jogadores de futebol, foram interpretadas de forma diferente algumas das ideias que tentei transmitir. E digo tentei porque quando um emissor fala para tantos receptores a mensagem não chega a todos de forma idêntica. Responsabilidade do emissor, que não conseguiu ser preciso na mensagem ou que a tornou dispersa. Contudo, quando há espaço para questionar o palestrante, não se deve entrar em interpretações que retiram do conteúdo da intervenção ideias diferentes do que foi transmitido. Tal como na teoria económica, as perguntas básicas de «porquê»?, «como», «quem», «onde?», etc, devem estar sempre presentes nesta análise. Os jovens jogadores, principalmente as crianças, necessitam de gostar do jogo. Nada se consegue por imposição, pelo contrário. Portanto, quando a pressão existente para que os clubes de maior dimensão sejam obrigados a vencer em todos os escalões atinge níveis insuportáveis, temos de saber como resolver o problema. Aqui entram os gestores, desportivos ou não, para que o processo tenha regras. O objectivo não é ganhar os campeonatos de crianças, é formar crianças para jogarem, independentemente do nível que atingem em adultos. Por isso é que nem todos podem gerir uma escola, uma academia ou uma equipa de topo. A importância de quem dirige ganha maior dimensão quando consegue que este processo atinja níveis de excelência. Este patamar é um todo, não sendo dirigido exclusivamente para uma elite. A sensibilidade do decisor para compreender as fases de desenvolvimento do praticante diferenciam os processos. A paixão e a emoção com que se vive o fenómeno não podem retirar lucidez a quem decide em última instância. Este é um dos factores diferenciadores e um dos que mais influenciam o processo de aprendizagem e ensino do jogo."
José Couceiro, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário