"O presidente do FC Porto, na sua regular coluna na revista do FC Porto, e com o habitual discurso enfadonhamente truculento, volta a pegar nas palavras, desta vez, para se atirar à generalidade dos meios de comunicação, como ele tanto gosta, agora que se aproxima o começo da nova temporada do futebol profissional.
Em matéria de intervenções públicas, não sabe o presidente do FC Porto fazer mais nada do que criticar, ameaçar, atacar adversários, chamar-lhes inimigos, tudo o que a indústria do futebol já dispensa.
Não me lembro, com franqueza, da última vez em que foi possível (se é que alguma vez foi verdadeiramente possível) ouvir o presidente do FC Porto promover publicamente o bom espírito da competição, deixar elogios ao futebol jogado, apresentar propostas que ajudem a Liga portuguesa a ser melhor.
O que o presidente do FC Porto sabe fazer, há anos, é denegrir, acusar, insinuar, depreciar, censurar os outros, sejam adversários no campo, ou, alegadamente, adversários fora dele.
No fundo, o que o presidente do FC Porto sabe, há anos, é criar os alvos que designa, lamentavelmente, por ‘inimigos’, por saber que isso lhe dá força interna para reunir as suas tropas e dar-lhes o estímulo que ele, presidente, sabe que precisam, num clube incapaz de conviver com o estilo civilizado de competir e que continua a fazer do ‘contra tudo e contra todos’ uma espécie de força motriz indispensável ao modo como atua, há décadas, a organização interna do clube, enorme na dimensão que atingiu, mas ainda tão agarrado à pequenez de uma mentalidade peculiar, regionalista e agressiva.
Por entre o conjunto de críticas com que resolve, desta vez, querer atingir, como disse, os meios de comunicação e através deles a sempre peregrina e bolorenta ideia de que Lisboa é sempre o alvo a abater, onde o presidente do FC Porto sempre diz estar o ‘inimigo’, sem que isso lhe custe o que quer que seja no contexto disciplinar do futebol português – como se tivéssemos de admitir como normal alguém chamar ‘inimigos’ aos adversários -, acusa, dizia, o líder do FC Porto os meios de comunicação de terem dito que o clube «não tinha dinheiro para se reforçar».
Tem, evidentemente, o presidente do FC Porto (porque é um homem muitíssimo inteligente, disso não restam dúvidas) a noção de estar a atirar areia para os olhos sabe-se lá de quem…
Quem disse que o FC Porto não tem dinheiro para se reforçar foi o próprio administrador financeiro do clube, Fernando Gomes, que ainda recentemente sublinhou a necessidade de procurar financiar-se, «a um custo muito elevado», disse Gomes, para poder dar ao clube condições para contratar antes de vender, reforçando que no fim de contas, será sempre importante que o FC Porto chegue ao final do mercado «com mais vendas do que compras» para não dificultar mais a recuperação do clube.
Foram palavras de Fernando Gomes, há anos administrador financeiro da SAD azul e branca, lugar no qual, recordo, substituiu, em 2014, um homem que conheci pessoalmente e lembro pela integridade, elevada estatura moral e profissional, e pelos princípios e notável relação humana, como era Angelino Ferreira, que se afastou do clube sem que até hoje se conhecessem as (verdadeiras) razões.
No FC Porto, a má gestão reconhecida por inúmeras figuras públicas do universo portista, continua a levar o líder a procurar tapar o sol com uma peneira.
É verdade que as vitórias, e têm sido, realmente muitas, sobretudo pelo indesmentível mérito da competência de treinadores e jogadores, escondem o ‘gato’ mesmo que o ‘rabo’ vá ficando de fora.
Mas não escondem tudo. E muito menos o cenário de sempre, cada vez mais gasto e cada vez mais difícil de suportar, numa velha máxima, muito própria, de que no FC Porto podem mudar-se os tempos, mas não mudam, como se vê, as vontades."
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