domingo, 11 de fevereiro de 2024

MAIS UMA NOITE DE EQUÍVOCOS



Em Domingo Gordo, São Pedro quis brincar ao Carnaval, e mandou que um dilúvio se abatesse, especialmente durante a primeira parte, sobre o estádio D. Afonso Henriques, dificultando a vida aos jogadores, especialmente os do Benfica, mais confortáveis no controlo do jogo e nas opções de pé para pé.
Porém, não terá seguramente sido pelas condições do terreno, que pedia poder físico e técnica apurada, que Roger Schmidt alterou a forma de jogar da sua equipa, abdicando de um ponta de lança posicional (tinha três no banco, um deles, em grande forma) e metendo as fichas na velocidade de Rafa, mascarado de falso nove.
Obviamente que esta opção facilitou muito o trabalho do trio de centrais do Vitória, que não teve de se preocupar com os lances de um-contra-um onde Rafa é letal, pela simples razão de que o avançado do Benfica não tinha posicionamento que lhe permitisse embalar. E nem o golo que marcou, empatando o jogo a um, após passe sublime de Di María, invalida que entre o que a teoria disse a Schmidt que fizesse, e a prática vista em campo, houvesse um enorme fosso...
Vitória nas sete quintas
Com Rafa sob controlo, e perante um meio-campo que voltou a ter Kokçu ao lado de João Neves, a equipa de Álvaro Pacheco, com a sociedade dos Silvas, especialmente Jota, a dar água (e havia muita) pela barba à defesa encarnada, mal protegida pelo meio-campo, as oportunidades começaram a surgir para os donos da casa, valendo aos campeões nacionais, sobretudo, a exibição de Trubin, apenas batido dos onze metros.
Injusta a vantagem vimaranense nessa altura? Nem por sombras. Era a equipa mais equilibrada e adaptada às condições do terreno. Por isso, embora se louve o inconformismo imediato do Benfica, que chegou à igualdade antes do intervalo, estava na cara que Schmidt tinha de mexer na equipa, regressando às origens.
Dar o braço a torcer.
Na segunda metade, com Arthur Cabral e Florentino em campo (saíram João Mário e Kokçu), o Benfica começou forte e, pela primeira vez na partida, meteu os vitorianos em respeito. Mas seriam os donos da casa, que já antes tinham ameaçado em contra-ataque, a chegar de novo à vantagem, contra a corrente do jogo.
E ninguém sabe o que teria acontecido se, três minutos depois do 2-1, por André Silva, Borevkovic não tivesse varrido, de sola, Florentino e fosse expulso. Álvaro Pacheco teve de reequilibrar defensivamente a equipa (Manu para o trio de centrais, e André Silva para o banco) e ainda antes de Roger Schmidt ter reagido ao facto de estar em vantagem numérica (demorou 13 minutos primeiro, e depois mais 10), Trubin evitou o 3-1 do excelente Jota Silva. A primeira troca encarnada colocou a equipa a jogar em 4x4x2, com Marcos Leonardo ao lado de Cabral e Rafa mais sobre a esquerda, mas o autocarro vitoriano entretanto estacionado à frente de Charles ia chegando para as encomendas. Só aos 87 minutos, com Carreras e Neres, o treinador do Benfica meteu a carne toda no assador e foi premiado com um golo nascido da genialidade de Di María, que cruzou certeiro para Cabral marcar.
Afinal, num terreno que desaconselhava a sua utilização, foi a decisão de manter em campo, do princípio ao fim, Di María, autor das assistências perfumadas para ambos os golos, que acabou por salvar o Benfica, que não saiu de Guimarães com o que queria, mas sim com aquilo que pôde, frente a um excelente adversário.

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