"Uma forma de manter os 34 clubes dos campeonatos profissionais a competir e a sonhar com a conquista da prova
Há duas semanas, neste espaço, manifestei a minha estranheza, até indignação, por causa da alteração de formato da Taça da Liga a partir da próxima temporada — percebendo a vontade de proteger as equipas que participam nas competições europeias, face ao aumento do número de jogos na fase de grupo da Liga dos Campeões e da Liga Europa (de seis para oito), limitar a participação a oito clubes não faz, para mim, qualquer sentido.
O tema ganhou asas e foi discutido à exaustão por ocasião da final four, curiosamente com uma equipa no jogo decisivo, o Estoril, que no novo formato ficaria impedido de entrar na prova. E porque não gosto de problemas sem soluções, deixo uma proposta para, mantendo os clubes que participam nas competições europeias a entrarem em prova apenas nos quartos de final (como o novo formato prevê), permitir que todas as 34 equipas dos campeonatos profissionais possam ambicionar vencer a Taça da Liga, e não apenas oito...
Ponto prévio: a partir da próxima época, Portugal terá apenas cinco clubes nas competições europeias, e não seis, como acontecia até aqui — e atendendo a que a distância para Países Baixos e França, à nossa frente, tem continuado a aumentar, em vez de diminuir (no arranque da próxima época, Portugal estará até mais perto de ser ultrapassado pela Bélgica e cair para oitavo do que de recuperar o sexto lugar), esse cenário não deve mudar tão cedo.
Desses cinco clubes que vão às provas europeias, três — os dois primeiros do campeonato e o vencedor da Taça de Portugal (ou terceiro da Liga, caso a Taça seja vencida por um dos dois primeiros) — estão garantidos numa fase de grupo. O terceiro do campeonato (ou quarto, dependendo do vencedor da Taça) entra na segunda pré-eliminatória da Liga Europa e tem de passar duas rondas para chegar, pelo menos, à fase de grupo da Liga Conferência. O quarto classificado do campeonato (ou quinto, dependendo do vencedor da Taça) começa a jogar na segunda pré-eliminatória da Liga Conferência e tem de ganhar três rondas para continuar na prova no outono (em três edições já realizadas, nenhum clube português o conseguiu).
Deixemos então esses cinco clubes fora da primeira fase da nova Taça da Liga. Sobrariam 29, que poderiam ser divididos em sete grupos — seis com quatro equipas, um com cinco. Cada clube que não entra nas competições europeias teria assim três jogos (e cinco teriam quatro) para preencher um vazio competitivo que faz com que, salvo se chegarem aos oitavos de final da Taça de Portugal, nunca joguem a meio da semana.
Os sete vencedores dos grupos poderiam avançar depois para um play-off, a que se juntaria o clube pior classificado no campeonato que não tivesse chegado a uma fase de grupo das provas da UEFA (se por acaso os emblemas lusos se transcendessem e conseguissem os cinco atingir essa fase de Champions, Liga Europa e Liga Conferência, poderia haver uma eliminatória prévia entre os dois piores vencedores dos grupos da primeira fase da Taça da Liga). Os quatro vencedores dessa eliminatória (ou três, no cenário de Portugal ter cinco clubes ainda na UEFA) juntavam-se então aos quatro primeiros do campeonato nos quartos de final, replicando a partir daí o formato entretanto aprovado pela Liga — até se poderia manter a eliminatória a uma mão com esses clubes a jogarem em casa, para aumentar a probabilidade de os grandes irem todos à final four, como é claramente do interesse da organização, para tentar facilitar a comercialização da prova.
Vamos a isso?"
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