sábado, 1 de novembro de 2025

BENFICA: NADA MUDOU COM O "DEBATE" MULTISCREEN

 


Mais de uma hora em quatro TV's não permitiu a qualquer dos candidatos à presidência do Benfica dizer algo de novo ou determinante. Sobra a ironia de o eleitorado de Vieira vir a revelar-se decisivo.

Nenhum dos dois candidatos à presidência do Benfica é um verdadeiro político. O que não é necessariamente mau, apenas pode contribuir para pouco ou nada mudar de cada vez que falam e tentam apelar aos sócios.
Explicando melhor: quero acreditar que qualquer dos candidatos saberia responder à pergunta «como vê o Benfica em 2029, quando houver de novo eleições?». A culpa de a pergunta não ter sido feita não é obviamente deles, como não foi dos outros quatro que ficaram para trás na primeira volta, mas um verdadeiro político teria sabido dar o salto para o futuro. Rui Costa escusava de ouvir que deu equipas a treinadores já depois de o campeonato começar, Noronha Lopes tinha evitado contradições em relação ao que foi dizendo ao longo dos anos.
Em 70 minutos de debate, falou-se duas vezes e meia do futuro: sobre o que pode acontecer em janeiro (na verdade não é futuro); sobre a relação com os grupos organizados de adeptos (ninguém disse nada, como ninguém nada diz há anos quando está à vista de todos que o Benfica os tem); sobre os direitos televisivos (finalmente foi assumido o que estava na cara há muitos meses — o Benfica tudo fará para atrasar a aplicação da lei, e Pedro Proença bem ajudou à festa quando acenou com utópicos 300 milhões aqui há uns tempos).
nas eleições do Benfica, como em qualquer outra, permita-se o exagero, três dimensões fundamentais para a decisão antes de se colocar a cruz no boletim: o julgamento sobre o passado recente, a perceção e a convicção.
Em relação ao passado, a questão fulcral é se Rui Costa se demarcou suficientemente de Luis Filipe Vieira ou representa a continuidade. Não sendo certo que os sócios do Benfica queiram uma rotura total.
Sobre a perceção: se um candidato admite não ter lido o programa de outro, quantas pessoas achamos que leram o programa de alguém em quaisquer eleições em que tenham votado?
A convicção parece ser o ponto essencial. Os fenómenos do clubismo, da religião e do partidarismo contam à partida com muitos fiéis que o serão sempre, não importa o que se faça.
O debate foi civilizado, as TV fizeram o que puderam nesta nova modalidade de igualitarismo mediático que transforma debates em conjuntos de entrevistas, mas na verdade pouco terá mudado desde dia 25. E a chave, ironicamente, parece ficar no eleitorado de Luís Filipe Vieira...
Alexandre Pereira, in a Bola

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