quinta-feira, 19 de abril de 2018

"ACREDITO NO PENTA E TODOS OS BENFIQUISTAS TÊM DE ACREDITAR"


FUTEBOL
No Benfica ninguém se rende: “Temos de trabalhar para ganhar os próximos quatro jogos e depois se verá o que fizeram os nossos concorrentes”, disse o CEO do Clube, a respeito das contas da Liga NOS, em entrevista à BTV, na qual também aborda a temática da recente conferência da ECA.
Domingos Soares de Oliveira foi um dos oradores na conferência promovida pela Associação Europeia de Clubes (ECA) em Split, nos dias 10 e 11 de abril. Em entrevista à BTV, o CEO do Sport Lisboa e Benfica (e também membro do Conselho Executivo da ECA) explicou o tema de fundo da reflexão e partilha de experiências na Croácia, antes de analisar outros assuntos desportivos da atualidade.
“Foi uma conferência organizada pela Associação Europeia de Clubes (ECA) em conjunto com o Hajduk Split e que visava debater um modelo cada vez menos usual na Europa, que é o de clubes que ainda são detidos pelos sócios. A tendência é para haver cada vez mais acionistas privados. Este é o modelo regular em Inglaterra e também muito em voga em França, mas depois há situações específicas, como o caso de Portugal, Espanha (Real Madrid, Barcelona, Osasuna e o Atlético de Bilbau), alguns clubes italianos e no resto da Europa. Este modelo é diferente do ponto de vista da gestão. O objetivo da ECA e do Hajduk Split, clube com o qual temos tido uma relação privilegiada, era promover o debate do modelo e partilha das várias experiências. O caso do Benfica é considerado diferente: continuando a ser detido pelos Sócios, o Clube, ao longo do século XXI, criou um conjunto de subsidiárias, empresas detidas pelo Benfica, que permitem ter uma gestão mista”, esclareceu Domingos Soares de Oliveira.
No caso de um clube como o Benfica, os sócios podem dificultar a gestão da SAD?
Não, de maneira nenhuma. Tornam mais exigente a gestão do Clube e das diversas empresas, porque no fundo os sócios sentem-se donos do Clube, e com razão, ao contrário do que se passa nos outros modelos. E como se sentem donos do Clube e cada sócio é uma pessoa, todos têm uma opinião e todos têm direito a uma explicação concreta relativamente àquilo que fazemos. Todos nos pedem contas e nos avaliam pelo que fazemos. Neste contexto, é preciso comunicar mais, explicar as opções que tomamos do ponto de vista da gestão. Quando se fala com os acionistas dos grandes clubes ingleses, percebe-se que uma das grandes preocupações que têm é com rentabilidade do clube. No caso dos nossos sócios, a maior preocupação incide no sucesso desportivo, conjugado com sustentabilidade, mas não propriamente com rentabilidade. Nenhum sócio está à espera que o Clube distribua dividendos, porque não é essa a sua força motriz.
Todos os clubes presentes na conferência falaram sobre a prestação de contas aos sócios?
A ideia é de que, por natureza, os sócios são pessoas exigentes em todos os casos. Tivemos referências do Barcelona, o Atlético de Bilbau também explicou, o próprio Hajduk Split, e sente-se esta preocupação com o stake holder, o destinatário final. Ou seja, aquilo que fazemos, fazemo-lo para os sócios, não para um acionista à procura de rentabilidade ou da valorização do investimento que fez. É comum a preocupação de satisfazer o sócio.
Mudando de tema: o Benfica voltou a ser o único clube português no top 30 de mais comunicação nas redes sociais. Esta é uma aposta para manter?
Claramente. No âmbito do projeto digital, acreditamos que existe uma transformação em curso há alguns anos na relação que o Clube tem com os seus adeptos. Hoje, numa geração que já não é a minha, mas que será a dos meus filhos e, no futuro, dos meus netos, a comunicação é essencialmente digital. No projeto que iniciámos há cerca de dois anos, fizemos um grande esforço no sentido de tornar a nossa comunicação mais atrativa, compreendendo que, se numa determinada altura o YouTube era a ferramenta mais indicada, hoje pode ser o Twitter, que produz muito mais efeito. A comunicação para um jovem de 15/16/17 anos não é a mesma comunicação para um homem que tenha 30 a 40 anos, e será diferente para um homem que tenha 60. Fizemos essa especificação diferenciada naquilo que é a nossa comunicação em relação ao nosso público-alvo, tendo sempre presente que hoje é uma comunicação essencialmente digital e também tentando caracterizar os nossos adeptos. Porque há adeptos que gostam do Benfica, mas não estão dispostos a gastar um euro com o Clube, e depois há adeptos no extremo da pirâmide (que tem cinco níveis). Estou a falar do sócio que acompanha o Benfica por todo o lado, compra todo o merchandising e quase está disponível para dar a sua vida pelo Benfica. Temos uma comunicação distinta para cada um destes públicos e vamos incentivá-la.
A edição 2018 da Internacional Champions Cup foi apresentada na terça-feira e o Benfica voltou a ser convidado. É mesmo o único clube do Top 5 das ligas europeias. O que é que significa este novo convite?
A empresa com quem temos trabalhado nos últimos anos, e que organiza a ICC, reconhece muito o valor do Benfica e sabe que cada vez que está presente, nomeadamente no mercado americano, consegue atrair um conjunto de público diferente, que vive a paixão pelo Clube de uma forma muito intensa. Pelo lado dessa empresa existe sempre uma vontade de ter o Benfica a disputar esta competição, que não existe apenas na América, mas também no mercado asiático e agora também na Europa.
O primeiro jogo é com o Sevilha e disputa-se em Zurique, na Suíça…
Esse jogo foi trabalhado no sentido de respeitar os nossos objetivos em termos de pré-época. Não conseguimos fazer os três jogos no mercado americano. Por vontade deles, estaríamos lá todos os anos. Estivemos lá em 2015, regressamos agora no verão. Existe aqui uma questão que tem que ver com o início da competição oficial em Portugal. Temos tentado fazer que seja pelo menos uma semana depois de 4 de agosto para podermos dar mais visibilidade ao Benfica nos mercados internacionais. O arranque da época noutros países acontece mais tarde. Temos tentado convencer a Federação a adaptar o nosso calendário. Até agora não tem sido possível.
Aproxima-se o fim da época 2017/18 e o Benfica não depende apenas de si para ser campeão. Acredita no Pentacampeonato?
Acredito e todos os Benfiquistas têm de acreditar. Aquilo que transmiti no âmbito da nossa comunicação interna foi que temos de fazer o nosso trabalho. Temos de trabalhar para ganhar os próximos quatro jogos e depois se verá no final o que fizeram os nossos concorrentes. O grande desafio é nós acreditarmos, fazermos o nosso trabalho com competência, garra e profissionalismo, com aquelas que foram as características do Benfica ao longo de grande parte da época. Se conseguirmos ter uma boa reta final, acredito que seremos premiados, sabendo que não dependemos de nós, mas sabendo também que o Benfica merece este Pentacampeonato.

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