quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
O DIA EM QUE O "REI" FAZ ANOS
No dia 25 de janeiro de 1942 nasceu, no bairro de Mafalala, Lourenço Marques, um português irrepetível, Eusébio da Silva Ferreira. A carreira futebolística do pantera negra é património imaterial da humanidade e ao cidadão Eusébio, que teve o mundo a seus pés, foi conferida honra de Panteão como morada eterna. Eusébio nasceu nos idos do império e foi como cidadão português que cresceu e demandou a metrópole, onde o esperavam fama e fortuna. Foi com a camisola das quinas que se cobriu de glória, tornando-se o primeiro português global do século XX,: e teve o estado novo a usá-lo como exemplo de um país, multicultural, multirracial e multicontinental.
Com a independência de Moçambique, em 1975, poderiam ter-se levantado dúvidas a Eusébio. Porém, nunca vacilou nem em relação à sua condição de português, nem quanto ao carinho com que sentia a terra que o viu nascer e da qual foi embaixador. Esta singularidade merece ser destacada no dia em que faria 75 anos. Eusébio é nosso, mas também é de Moçambique, na medida em que subsiste um elo invisível entre povos que durante séculos seguiram no mesmo trilho e que há mais de quatro décadas convivem e se respeitam, na soberania de cada um, como iguais.
O futebol é o instrumento mais eficaz para a aproximação dos povos da lusofonia, uma impressão digital de Portugal que ficou nos países que falam a língua de Camões, capaz de resistir ao tempo e ao modo. E Eusébio, tão vivo apesar da morte é o porta-estandarte desta comunidade de afetos e emoções, construída em torno de uma bola de futebol...
José Manuel Delgado, in a bola
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