"Quando Bruno Lage pegou na equipa principal do Benfica, nos primeiros dias de Janeiro de 2019, a equipa estava com sete pontos de atraso em relação ao que parecia ser um imparável FC Porto. Rui Vitória tinha chegado ao fim da linha, durante o mês de Dezembro falou-se na possibilidade de regresso de Jorge Jesus, que estava a comandar o Al Hilal, mas a opção do presidente Luís Filipe Vieira acabou por ser a aposta num dos seus treinadores da formação. A maioria dos adeptos benfiquistas ouviram, pela primeira vez, falar no nome de Bruno Lage.
Era, no entanto, uma aposta calculada e com carácter transitório. Vieira não escondia que Lage iria ser o treinador interino, o treinador da transição, num campeonato que estava perdido.
Pois bem, a equipa subiu rapidamente de rendimento, começou a juntar vitórias a exibições consistentes, com um futebol de ataque exuberante e eficaz, e o interino passou rapidamente a treinador definitivo.
Depois, sabe-se o que se passou neste ano verdadeiramente surpreendente, em que o Benfica recuperou os sete pontos de atraso, foi campeão nacional, com um percurso imaculado, sendo, agora, na viragem do ano civil, sensivelmente a meio da prova, o líder, com quatro pontos de avanço.
O prémio que A Bola atribuiu a Bruno Lage tem, pois, como base, razões objectivas, sendo que uma escolha é sempre subjectiva. Trata-se, porém, de uma opção pensada e que contempla um jovem (43 anos) que tem uma profunda paixão pelo jogo, que o estuda em pormenor, que o renova, que o honra com um trabalho de sucesso e qualidade, ao qual junta um discurso libertador e, sobretudo, digno."
Vítor Serpa, in A Bola
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