"A decisão do campeão nacional de voleibol em 1990/91 sofreu uma reviravolta 'encarnada' a uma jornada do fim
Uma 'enorme emotividade e incógnita' pairava sobre o Benfica e o Sporting que, na Nave de Alvalade, se reuniram para a penúltima jornada do Campeonato Nacional, em 18 de Maio de 1991. As duas equipas estavam obrigadas a vencer, se quisessem ser campeãs.
O ambiente tomou as proporções de uma final. O público, leonino na maioria, exaltava-se nas bancadas, erguendo faixas, onde se liam impropérios dirigidos aos benfiquistas.
Ao começo da partida, o Sporting estava no controlo. A consciência disso limitou ambas as equipas, que fizeram um bom espectáculo, 'mas nem sempre de bom nível técnico', sobretudo 'com um número elevado de serviços e ataques falhados', devido aos nervos.
O Sporting começou por vencer 2-0. O terceiro set parecia quase garantido para o clube leonino, que estava a vencer 13-12. Mas o Benfica dos capitães José Jardim e Luis Quelhas recuperou o fôlego e acabou por vencer o set.
Não desistindo do que lhes parecia garantido, os leões recuperaram a ousadia dos primeiros dois sets. Deram a conhecer o seu bloco 'de betão' e estiveram a vencer por 12-4 no quarto set até que, soltando 'uma «garra» digna as «águias»', o Benfica bateu o anfitrião por 17-16, com uma 'maior eficácia, acompanhada de uma defesa (...) muito mais sólida'.
Na ´negra' decisiva, 'foi evidente a quebra sportinguista'. Houve equilíbrio até aos 8 pontos iguais. A partir daí, o Benfica acelerou em direcção à vitória com 4 pontos de diferença.
No fim, foi uma 'maré de frustração' para os sportinguistas e uma 'explosão de alegria' para o Benfica. O treinador 'encarnado', Luís Sardinha, agradeceu aos seus atletas por 'acreditarem até ao último momento na vitória'.
A festa, antes verde, tornou-se encarnada. A euforia tomou conta dos que assistiam ao vivo e dos 'milhares de espectadores pela RTP'. Quem assistiu 'não deu por mal empregado o seu tempo'. O próprio presidente da Federação pagou bilhete e, 'despercebido' na multidão, assistiu emocionado ao encontro.
A única falha apontada foi a ausência de fiscais de linha, facto que lançou dúvidas em alguns lances, mas que, em geral, não tirou o espectáculo de um emotivo jogo, importante na propaganda do voleibol português. No encontro seguinte, o Benfica sagrou-se campeão nacional, numa vitória esmagadora por 3-0 sobre o Grundig.
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Pedro S. Amorim, in O Benfica
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