"Chega a parecer pavloviana a forma como, por parte de algumas pessoas com espaço na comunicação social, são entendidas e abordadas algumas das temáticas do futebol. O mercado de inverno é um bom exemplo.
Anos há em que movimentações nesta janela de transferência são, num sentido, reveladoras de falta ou de mau planeamento da época, apostas em jogadores sobrevalorizados ou excedentários por alguma razão, noutro, um recurso para colmatar problemas de tesouraria e/ou compor ou mesmo disfarçar uma gestão deficitária.
Mas outros anos há em que as compras são reveladoras de acutilância negocial, scouting esmerado e poder financeiro, sendo que as vendas se enquadram na resolução antecipada de eventuais problemas futuros, propostas irrecusáveis.
Chamem-me faccioso ou conspirativo, mas cá para mim a variável determinante nestas oscilações opinativas reside, sobretudo, na actuação benfiquista. O Benfica faz uma coisa, a reacção é uma. O Benfica faz outra, a reacção é outra, quais cães amestrados a babarem-se pelo biscoito da crítica ao Benfica em função do momento.
Neste âmbito, acaba por ser indiferente se o Benfica, numa janela de transferências concretas, procedeu mal ou bem. Ou se procedeu mal ou bem de acordo com o contexto ou com o encontro ou desencontro entre oportunidades de mercado e necessidades identificadas. Abram-se os cordões à bolsa, fechem-na a sete chaves, gaste-se todo o dinheiro, se possível adiantado do século seguinte, poupe-se, que é essencial, venda-se já, recuse-se toda e qualquer proposta por inútil que seja o jogador, enfim, já ouvimos e lemos de tudo.
Pois eu tenho uma opinião formada há anos e não a mudo. Defendo que se deve estar sempre predisposto a comprar ou vender atletas seja em que altura for e sem olhar a quem, assim o binómio financeiro-desportivo saia reforçado.
Passe o jogo de palavras já é tempo de as opiniões troca-tintas sobre janelas de transferências (e outros assuntos) serem defenestradas. Já não há paciência."
João Tomaz, in O Benfica
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