quinta-feira, 5 de setembro de 2024

BENFICA: TEMPO DE MUDANÇA



 "O começo do Benfica, já se sabe, não foi o ideal, e deu-se a anunciada saída de Roger Schmidt. O presidente preencheu bem as saídas mas os adeptos são mais do que nunca essenciais

Uma nova época iniciada e poucas jornadas depois, já tanto se passou. O Benfica perder no início, porque sempre inesperado, fez desde logo soar os sinos, muito pela enorme dimensão da família, com o respetivo efeito provocado a estender-se, inevitavelmente, aos encontros seguintes.
Um início vitorioso era, como se sabia, considerado obrigatório face à contestação herdada da época anterior. Confirmando-se a já anunciada saída de Schmidt, procura-se agora um novo líder, que enfim devolva a paz e o bom futebol ao Benfica.
Tarefa tão importante quanto difícil, numa altura em que ninguém parece querer ninguém... As tréguas à volta da equipa assumem como nunca importância acrescida, para quem continua, mas mais ainda para quem chega, seja jogador ou treinador. Não há tempo para gastar nem para adaptar. O papel dos bons adeptos é mais fundamental do que nunca neste crítico reinício.
Reforços
Ante o evidente espaço deixado pelas saídas de jogadores importantes, entretanto vendidos, o clube respondeu com aquisições criteriosas e, pelo que têm evidenciado, de provável sucesso.
O Benfica integrou desde logo no onze inicial as três contratações conseguidas até ao início da liga, que vêm justificando a aposta do clube. Dois deles ainda sem deslumbrar, mas creditados pelo seu rendimento num campeonato alemão claramente mais competitivo que o nosso: Beste, agora lesionado, e Barreiro. Outro, Pavlidis, que chegou logo embalado e que brilha pelos golos que vai colecionando, mas também pelo muito que joga e corre.
A posição de comandante do ataque, tão importante quanto mal gerida nas duas épocas passadas, ganha agora, e finalmente, um novo fôlego.
Fui um confesso admirador do já reformado Jonas, que o Benfica milagrosamente contratou a custo zero, e suspirei quando acabou. Desde o fim da sua carreira que não via chegar ao Benfica um ponta de lança que me entusiasmasse tanto como Pavlidis. À qualidade fundamental na finalização junta a capacidade de recetor do jogo dos médios, que lhe vai até agora, aos soluços, chegando. A sua disponibilidade física e mental para o trabalho coletivo é outra das suas importantes marcas.
Na reta final do mercado, mas ainda a tempo, o clube consegue preencher as faltas identificadas, com oportunidade e critério apurado nas escolhas. Acredito que o tempo o confirmará. Jovens, mas com a maturidade e experiência que os respetivos trajetos confirmam, condição ótima para o rendimento imediato. Posições em défice a serem com clareza bem preenchidas. Veremos no campo a confirmação destas expectativas.
A lesão inoportuna de Beste reabriu o acesso a Carreras e também ele revela argumentos para ser escolha. Já Renato Sanches amplia o coração da equipa.
Factos
A última apresentação do Benfica, em Moreira de Cónegos, confirmou uma equipa sem chama e pouco convicta, desconfiando de si própria. O ambiente que vinha rodeando o plantel, tendo como alvo principal o treinador, contagiava claramente o grupo.
O tempo é sempre curto e exigente para um treinador a chegar. Selecionados e lesionados, jogadores saindo e outros entrando...
As aquisições efetuadas pelo Benfica, confirmarão no campo, estou certo, como pode fazer diferença um presidente com o passado de Rui Costa. As características e qualidades dos contratados casam com as carências identificadas.
Ter um presidente que jogou e percebe tudo de futebol também dá jeito...
Arquivo
Aprender com os erros sim, mas arquivar o que já passou será o mais saudável, porque os novos desafios já significam dificuldades e obstáculos suficientes. Jogadores partiram, outros chegaram e novos confrontos se avizinham. Está aberto um novo e independente capítulo.
Quanto ao novo mister, português ou estrangeiro, mais novo ou mais velho, é um tema obrigatoriamente e cuidadosamente ponderado, sabendo que haverá sempre alguém para discordar. Afinal, as oposições existem para opor. Ou não fariam sentido... nem teriam graça..."
Rui Águas, in a Bola

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