"1. Hoje, muito especialmente, considero importante deixar registado para a memória futura, de modo inequívoco e indelével, que, se não fossem Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira, este Jornal já não existia.
2. Ambos os Presidentes, eles próprios persistentes assinantes de longa data do Jornal, tiveram a correta percepção de que mais do que um ícone histórico do Clube, o 'Semanário oficial do Sport Lisboa e Benfica' constituía um sustentáculo da própria memória do Benfica, pelo que, primeiro, assim que lhe foi possível após a sua posse e um triste interregno de publicação irregular e suspensão, Manuel Vilarinho faz retomar a edição do Seminário; e mais tarde, já a meio da década de 2000, Luís Filipe Vieira resgata o Jornal de mãos alheias ao Clube e volta a trazer a sua edição para dentro de Casa.
3. O Jornal O Benfica, sob orientação de Adriano Cerqueira, Luís Lemos e Fernando Seara, encetava uma nova e difícil caminhada no sentido de recuperação do prestígio de outrora, construída com o dedicado esforço dos sucessivos editores Vieira de Carvalho, Carlos Calado, Sónia Antunes, Rui Manuel Mendes e José Marinho e jornalistas e colaboradores da Redação, por entre os escolhos sobrantes e com os mitigados recursos disponíveis, nessa exaltante fase em que, dramaticamente, o próprio Clube se reerguia das cinzas.
4. Em 2008, porventura sabendo da admiração e proximidade que eu havia tido o privilégio de manter com o nosso saudoso fundador dr. José Maria Barbosa de Magalhães Godinho, o Presidente Luís Filipe Vieira convidou-me para assumir a honrosa direcção do Jornal.
5. Hoje, sinto muito orgulho da exaltante experiência de que pude usufruir e partilhar ao longo de seiscentas e cinquenta e uma edições do nosso Jornal, das quais cada uma reflectiu o crescente reforço de equilíbrio e de rigor de informação, bem assentes nos pilares da verdade e da deontologia, com que hoje se exerce o Jornalismo sério e despojado n'O Benfica.
6. Neste surpreendente contraciclo em que (felizmente) vivemos no nosso Jornal e que nos deixa a coberto das tempestades que actualmente fustigam a sociedade da comunicação em Portugal e no Mundo, os seguros passos que fomos dando ao longo dos últimos doze anos não só sustentaram, primeiro, a confiança estrutural interna no seio do Grupo Benfica como, sobretudo, se tornaram essenciais para a recuperação e consistência do prestígio público junto dos Leitores, ajustados e um órgão de Informação tão perene, que acabou de entrar no septuagésimo nono da sua história.
7. Destaco como marcos porventura mais significativas na mais recente linha do tempo neste específico cenário do Jornal, logo em 2008, a constituição de uma ampla equipa de conceituados cronistas convidados, que dedicadamente enobreceram e ainda honram as nossas páginas com a diversidade das suas livres opiniões; em 2009, a primeira mudança de layout e grafismo; em 2011, a alteração gráfica do título do Jornal; com a edição n.º3641, o início da versão digital de O Benfica, nas plataformas iOS e Android; e um ano depois, a mudança gráfica mais expressiva operada por ocasião do 111.º aniversário do Clube, em 2015; em 11.nov.2016, na edição n.º3785, a revisão do primacial Estatuto editorial do Jornal; no final de 2016, em estreia na nossa história, a confirmação do primeiro exercício financeiro positivo e contributivo para o Clube; e, por fim, em 27.nov.2018, pelo forte simbolismo do reconhecimento da nossa missão, a inauguração da primeira exposição inconográfica de sempre sobre a história do Jornal O Benfica, no Museu Cosme Damião, com a presença do Presidente Luís Filipe Vieira.
8. Já tenho saudades de toda esta evolução... Mas, atrás de longos tempos, melhores e muito mais vastos tempos se vão seguir na linda vida do nosso Jornal: a minha missão termina hoje e, no plano pessoal, nada justificaria que se prolongasse ainda mais. Saio em andamento, porque sinto e tenho a certeza de que este veículo, agora, vai depressa e nunca mais para!
9. E, perante o que aqui vivi e testemunhei, neste dia do adeus só posso deixar a minha profunda gratidão benfiquista a todos aqueles que, na Redação e nos serviços, também acharam que tudo seria possível... Mas, acima de todos, obrigado, Presidente. E obrigado, Benfica!"
José Nuno Martins, in O Benfica
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